Um empresário do ramo da construção civil foi preso na noite de terça-feira (17), na Rodoviária de Boa Vista, de onde tentava seguir para Manuas. Ele é apontado pela Polícia Federal como responsável por submeter imigrantes venezuelanos a trabalho em condições semelhantes à de escravo em seus empreendimentos. O homem também enviava imigrantes para trabalharem em condições parecidas em outros estados.
Nesta quarta-feira (18), os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão no local da obra, em Pacaraima, Roraima. Oito trabalhadores foram resgatados, como conta delegado de Polícia Federal, Igor Chagas.
De posse do empresário preso, os agentes encontraram um documento assinado pelos trabalhadores, no qual eles se comprometiam em aceitar as regras estabelecidas pelo empregador, como restrição de saída de trabalho por mais de 40 minutos e o desconto por alimentos e medicamentos.
Entre as “normas de trabalho”, o imigrante teria a passagem paga pelo empregador. Mas o valor era cobrado: 25% do salário descontado durante quatro meses. Caso quisesse sair antes desse período, o trabalhador teria que pagar todo o valor da passagem.
O empresário também definiu multas: quem espalhasse fofocas, por exemplo, teria descontado até R$200. Já no caso de algum objeto subtraído, o funcionário teria que pagar 10 vezes o valor do equipamento. O documento traz até exemplo: se, o que o empresário chama de infrator pegar um martelo que custa R$25, deveria pagar R$250.
As investigações tiveram início após 16 venezuelanos procurarem a Polícia Federal para denunciar a situação. Eles relataram aos agentes federais que trabalhavam em construções por valores irrisórios - de R$10 a R$15 reais por dia e jornadas de 12 horas diárias e sem nenhum dia de descanso.
O delegado Igor Chagas afirmou que as investigações estão em andamento. A Polícia apura ainda outros fatos, como a informação de que venezuelanos estariam no interior de São Paulo trabalhando em um imóvel do acusado.
O aprofundamento das investigações identificou ainda que o empresário estaria traficando venezuelanas para serem exploradas sexualmente em outras regiões do Brasil.