Ex-secretário nacional de Justiça é preso acusado de desviar recursos e ajudar na fuga do Rei Arthur
O ex-secretário nacional de Justiça, Astério Pereira dos Santos, foi preso preventivamente nesta quinta-feira no Rio de Janeiro, na Operação Titereiro, mais uma fase da Operação Lava Jato no Estado.
Ele e outras 14 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal pelos crimes de corrupção ativa e organização criminosa. Segundo o MPF, o grupo integra o esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral.
Os denunciados são acusados de participar de um esquema de pagamento de propinas a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado em troca de benefício a empresas que detinham contrato para fornecimento de alimentação a presídios e centros de custódia de menores infratores do estado.
Astério ocupou o cargo de secretário nacional de justiça em 2017, durante o governo de Michel Temer, e é apontado como um dos líderes do esquema. Ele também é ex-procurador de Justiça do Rio e foi secretário de Administração Penitenciária do governo de Rosinha Garotinho.
O MPF afirma que ele é sócio oculto em uma das empresas fornecedoras de alimentação que repassavam 15% dos valores devidos pela prestação do serviço a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. O dinheiro saía do Fundo de Modernização da Corte.
Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, o procurador da República Felipe Bogado destacou a figura central de Astério no esquema de corrupção, que acabou inspirando o nome Titereiro da Operação, que faz referência a manipuladores de marionetes.
Segundo o procurador, enquanto ocupou o cargo de ex-secretário Nacional de Justiça, Astério pode ter auxiliado a fuga do empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur, para os Estados Unidos, já que os dois tinham uma relação de longa data.
O ex-secretário teria vazado a informação do pedido feito pelo MPF aos Estados Unidos, de cooperação jurídica internacional para a prisão do empresário.
Arthur Soares estava em Portugal na época e retornou aos Estados Unidos onde, segundo o MPF, ele pode ter fechado um acordo de colaboração para não ser alcançado pela justiça brasileira.
Na denúncia da operação Titereiro, o MPF também pediu à Justiça Federal o bloqueio total de mais de R$ 800 milhões dos denunciados e das empresas envolvidas no esquema investigado. Foram expedidos seis mandados de prisão preventiva e três de prisão temporária, além de 33 de busca e apreensão.
Em nota, o advogado de Astério, Fernando Augusto Fernandes, disse que "acredita na Justiça e tem segurança que com os esclarecimentos prestados o processo provará que a denúncia parte de informações inverídicas". O advogado afirma ainda que a denúncia "não precedeu de nenhuma investigação anterior da Polícia Federal e foi ato exclusivo do MP sem bases probatórias".