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Mercado restrito e desconfiança do investidor: obstáculos para mulheres empreenderem

Preconceito e dificuldades
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Maíra Heinen
08/03/2020 - 06:02
Brasília

A saída para o desemprego, a oportunidade de aumentar a renda ou mesmo uma nova área de trabalho mais prazerosa. Começar um novo negócio e ser empreendedor não é algo fácil ou que dependa apenas de força de vontade e trabalho duro. E quando se é mulher, as dificuldades podem ser ainda maiores.


A administradora de empresas Danielle Ambaltas largou o emprego numa multinacional para se dedicar mais ao filho, e recentemente resolveu empreender com uma franquia de intercâmbio e viagens, que ela pode trabalhar em casa.

 

Danielle percebeu que ainda há preconceitos em relação às áreas nas quais uma mulher pode atuar como liderança.


“As sugestões são sempre em volta dos setores de alimentação, beleza, moda, onde sabemos que a maioria das mulheres empreendem – e fazem muito bem. Mas há um certo paradigma quando você vai falar que você quer empreender em alguma coisa diferente disso”.


Pesquisas realizadas pelo Sebrae confirmam a percepção de Danielle. Mas a coordenadora nacional de Empreendedorismo Feminino da instituição, Renata Malheiros, ressalta que a desconfiança é infundada.

 

“Muitas vezes as pessoas acabam tendo preconceitos ou ideias que a gente chama de crenças limitantes, e acham estranho uma mulher empreender em setores tradicionalmente não vinculados às mulheres. Mas o que a gente observa também é que muitas vezes um olhar diferenciado dessas mulheres para esses setores que não são muito femininos, entre aspas, acaba levando a muitas inovações. A gente tem muitos exemplos de donas de oficinas mecânica que acabam oferendo um serviço diferenciado do tradicional”


Observando um cenário muitas vezes hostil para empreendedoras, a Finep, empresa Financiadora de Inovação e Pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, resolveu publicar um edital voltado só para mulheres.


O primeiro Programa Mulheres Inovadoras quer dar oportunidade e ajudar no enfrentamento de dificuldades da área. Raphael Braga, superintendente de Empreendedorismo e Investimento da Finep, destaca que investidores muitas vezes tratam mulheres com desconfiança.

 

“Fizeram uma avaliação em 2017 da interação entre cerca de 140 investidores e 190 empreendedores. E eles perceberam que as perguntas que os investidores fazem para homens na avaliação de um potencial investimento são completamente diferentes das perguntas que fazem para as mulheres. As perguntas para os homens têm muito mais um caráter de promoção, de avaliação de expectativas, conquistas, avanços, ideias. Para as mulheres, são perguntas mais preventivas, que questionam responsabilidade, preocupação com proteção, vigilância, governança”.


Esse é o cenário que o Mulheres Inovadoras quer começar a mudar. O edital pretende contribuir para o aumento da representatividade feminina por meio da capacitação e do reconhecimento de empreendimentos que favorecem a competitividade brasileira.


As propostas podem ser enviadas até o dia 16 de março, quando serão selecionadas 20 startups lideradas por mulheres para receberem um programa de aceleração durante 30 dias. Ao final, até cinco empresas vão receber uma premiação de R$ 100 mil cada.

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