Brasília é pura arquitetura, arte que convida a viajar por significados e segredos de seus edifícios
Nas últimas reportagens apresentamos a você o legado arquitetônico deixado por Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e outros arquitetos que construíram prédios que se tornaram símbolos da nossa capital.
Brasília se organiza em torno de duas grandes vias perpendiculares: o Eixo Rodoviário Norte-Sul, conhecido como Eixão, e o Eixo Monumental, que corta a cidade de leste a oeste. Os edifícios icônicos da capital ficam próximos do Eixo Monumental - uma avenida com 250 metros de largura, que entrou para o Livro dos Recordes como a mais larga do mundo.
Podemos dividir o Eixo Monumental em dois. Da Rodoviária do Plano Piloto até o extremo oeste, que mantém o mesmo nome; e da rodoviária até o extremo leste, onde corta a Esplanada dos Ministérios e chega até a Praça dos Três Poderes. Nesta reportagem, vamos tratar sobre esse trecho da Esplanada.
Vamos pular a parte dos palácios, sobre os quais já falamos, e explorar os ministérios. Ao todo, são 17 blocos idênticos, de nove andares. São sete edifícios, do A ao G, no sentido de quem vai para a Praça dos Três Poderes e 10 blocos, do J ao R, no sentido de quem segue para a rodoviária. Cada bloco acomoda um ou mais ministérios, dependendo do tamanho das equipes.
Mas nem todos os ministérios entram nessa conta: o das Relações Exteriores funciona no Palácio Itamaraty; o da Justiça, no Palácio da Justiça; e alguns outros funcionam no Palácio do Planalto, como Casa Civil, Secretaria-Geral, Secretaria de Governo e Gabinete de Segurança Institucional.
Para quem sai da Rodoviária e vai descendo a Esplanada, antes de chegar aos ministérios, pode olhar para a direita e vai ver a Biblioteca Nacional, que lembra os blocos das superquadras; o Museu Nacional da República, que parece a cúpula do Senado; e a Catedral Metropolitana de Brasília.
A Catedral, inaugurada em 1970, tem 16 pilares de bases bem finas, que dão a sensação de flutuação. Esses pilares se encontram na parte de cima, como se fossem mãos se movendo para o céu. No acesso ao templo, encontramos quatro esculturas em bronze, com três metros de altura. Elas representam os Quatro Evangelistas. Tem também um campanário de 20 metros de altura, com quatro grandes sinos.
A entrada é por um túnel escuro, que nos leva a um ambiente brilhante e bastante iluminado durante o dia, devido a 2 mil metros quadrados de vitrais em tons de azul, verde, branco e marrom. A maior parte da Catedral fica abaixo do nível da rua. No salão principal, se você sussurrar no cantinho da parede, alguém que esteja do outro lado, com o ouvido bem posicionado, consegue ouvir.
A Biblioteca Nacional constava do projeto original de Lúcio Costa, mas só foi inaugurada no fim do ano de 2008, quatro meses antes de Brasília completar 49 anos. Lá é possível consultar 40 mil livros e outras publicações de diferentes áreas do conhecimento. O prédio, sobre pilotis e com cobogós na fachada, lembra os blocos residenciais das superquadras.
A biblioteca faz parte do Conjunto Cultural da República, junto com o Museu Nacional, que fica logo ao lado e se dedica à arte contemporânea. O prédio do museu, construído de 1999 a 2006, também foi projetado por Niemeyer e lembra a cúpula do Senado, virada para baixo. São 11 mil metros quadrados, distribuídos em quatro pavimentos.
Do outro lado da Esplanada, já perto da Rodoviária, está o Teatro Nacional de Brasília ou Teatro Nacional Claudio Santoro, uma estrutura que lembra uma pirâmide, com 46 metros de altura - três metros mais alta que a Torre de TV. Inaugurado em 1961, o teatro traz na fachada um verdadeiro mosaico em três dimensões projetado por Athos Bulcão. O plano era que o Teatro Nacional, com suas três salas de espetáculos e um espaço cultural, fosse o principal equipamento de cultura da capital, mas, desde janeiro de 2014, está fechado para reforma, ainda sem data para ser concluída.
* Essa é mais uma reportagem do especial Brasília 60 Anos, que vai ao ar na Rádio Nacional e parceiras. Acesse todas as reportagens publicadas até aqui nesta página. O especial continua até o dia 21 de abril, quando Brasília completa 60 anos de inauguração.