Um dos principais acervos arquitetônicos do mundo, Brasília desfila as obras-primas de Niemeyer
Diferentemente das sedes dos Poderes e da residência oficial do Alvorada, que estavam prontas na inauguração de Brasília, os palácios da Justiça e Itamaraty são mais novos.
O Itamaraty, que é a sede do Ministério das Relações Exteriores, foi inaugurado em 1970. O prédio foi pensado para apresentar o Brasil aos visitantes estrangeiros. Por isso, usou apenas materiais de origem nacional na construção.
Nos salões do Itamaraty, é possível ver obras de artistas brasileiros - natos ou naturalizados -, como Athos Bulcão, Alfredo Volpi, Bruno Giorgi, Maria Martins, Iberê Camargo, Ione Saldanha e Tomie Ohtake. O paisagismo é de Roberto Burle Marx.
O Palácio da Justiça, que recebe o ministério de mesmo nome, foi inaugurado em 1972 e lembra o vizinho da frente, o Itamaraty. Isso por causa dos arcos, do espelho d’água e do jardim aquático de Burle Marx. A principal diferença é que o Palácio da Justiça tem cascatas artificiais na fachada, que normalmente funcionam das 7h20 até as 20h.
O coordenador técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Thiago Perpétuo, chama a atenção para a importância desse conjunto de prédios icônicos que recebem as autoridades federais.
O prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), sede do Poder Judiciário, tem, em sua frente, a estátua da Justiça. No térreo, funciona o plenário onde são tomadas as decisões judiciais que definem o destino do país. No terceiro andar, assim como no Planalto, fica o gabinete da Presidência do Supremo, que permanece de frente para a Praça dos Três Poderes. Os plenários onde as Turmas se reúnem ficam em outro prédio, no Anexo 2 do Supremo.
Já o Congresso Nacional é formado por duas cúpulas e pelas torres gêmeas, que são os prédios mais altos do Plano Piloto, com 28 andares. É o único desses prédios que homenageia uma pessoa. O nome oficial é Palácio Nereu Ramos, em homenagem ao político que assumiu a Presidência da República em 1955. Ele foi eleito pelo Congresso Nacional, em meio à crise desencadeada pelo suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e o impeachment de Carlos Luz, em 55. Foi presidente durante dois meses e 21 dias, e antecedeu Juscelino Kubistchek.
E as cúpulas, que marcam a paisagem do Congresso, não estão posicionadas por acaso. A do Senado, virada para baixo, pretende transmitir a reflexão, o equilíbrio e o peso da experiência. Enquanto a cúpula da Câmara dos Deputados, virada para cima, é maior e mais aberta a todas as ideias e ideologias, tendências e opiniões que compõem o povo brasileiro. Na reportagem de amanhã, vamos conhecer um pouco mais da Esplanada dos Ministérios.
* Com produção de Renato Lima
** Essa é mais uma reportagem do especial Brasília 60 Anos, que vai ao ar na Rádio Nacional e parceiras. Acesse todas as reportagens publicadas até aqui nesta página. O especial continua até o dia 21 de abril, quando Brasília completa 60 anos de inauguração.