Abusos sofridos por meninas em escolas do Rio são objeto de inquérito pelo Ministério Público

Ministério Público

Publicado em 11/07/2020 - 12:31 Por Raquel Júnia - Rio de Janeiro

Comentários sobre o corpo e a aparência física, sussurros, toques e carícias não autorizadas sob pretextos diversos, superexposição em frente da turma, essas são apenas algumas das cenas de assédio vividas por meninas em colégios do Rio de Janeiro, que, no último mês, foram amplificadas nas redes sociais.

 

E o mais chocante é que a maioria das mulheres que algum dia frequentou um banco de escola, tem uma história dela ou de uma amiga para contar.

 

A fala é de Maria Carolina Rodriguez, de 32 anos, formada em direito e ex-aluna do Colégio Santo Inácio. Foi a iniciativa das mulheres da escola, uma das mais tradicionais instituições particulares do Rio, que deu o ponta pé para outros relatos, de diversos colégios, por meio de perfis criados no Twitter para quebrar o silêncio e a naturalização das condutas.

 

O movimento resultou na abertura de um inquérito por parte do Ministério Público do Estado e, no caso do Santo Inácio, também de um inquérito policial.

 

Maria Carolina e outras alunas e ex-alunas do Santo Inácio, de diferentes gerações, decidiram então criar o Coletivo Inaiá, para acolhida e luta contra essas situações. Segundo elas, o colégio sempre esteve ciente dos casos que, no caso da instituição, envolvem professores, mas não tomou atitudes adequadas. O coletivo então elaborou um plano de ações e entregou à direção.

 

No próximo dia 15, o Ministério Público fará uma escuta especializada de meninas vítimas de assédio em ambiente escolar. A promotora Rosana Cipriano, da Promotoria de Tutela Coletiva da Infância e Juventude da capital, explica que a abertura do inquérito foi feita para garantir a integridade das jovens e que a investigação ainda está em curso para verificar, por exemplo, como as escolas têm lidado com as violações.

 

Para a professora Duda Quiroga, diretora tanto do sindicato que representa os professores das escolas públicas, o Sepe, quanto das escolas particulares, o Sinpro-Rio, fugir do tema dentro das instituições é a pior conduta nesses casos.

 

Em nota, a direção do Colégio Santo Inácio informou que os professores denunciados pelas alunas permanecerão afastados das atividades acadêmicas até a conclusão das investigações. A instituição diz que deu início a um novo processo para denúncia e apuração de situações que ferem seu conjunto de valores, com a contratação de uma empresa especializada e promete ainda criar um comitê de ética e um código de conduta que será compartilhado com a comunidade escolar.

 

A Polícia Civil informou que as investigações sobre as situações de assédio no colégio Santo Inácio seguem na 10ª Delegacia de Polícia sob sigilo de Justiça por envolver adolescentes.

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