Menos de 30% dos professores estavam preparados para aulas on-line
Turma barulhenta, carteiras arrastando, giz, pincel, quadro e de repente, aulas online, vídeo gravado pelo celular, encontros virtuais.
O coronavírus bem que poderia ter virado apenas tema da aula do professor de biologia, mas atingiu milhares de pessoas no mundo, mudou a realidade da educação e a rotina dos professores.
O depoimento é do professor de Educação Física Diógenes Cardoso.
A professora de Inglês para crianças de até 7 anos, Eruzia Faluba, relata o desafio de garantir a aprendizagem à distância.
Mas, essa demanda por novas habilidades também revelou o nível de dificuldades de profissionais para lidar com tecnologias digitais.
Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais com mais de 15 mil professores de escolas públicas apontou que apenas 29% deles afirmam possuir facilidade para o seu uso.
Para Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, os professores não estavam preparados e não foram capacitados para essa nova modalidade de ensino, apesar de previsto em lei desde de 1996.
A pesquisa revela ainda que, para cerca de 80% dos professores, houve um acréscimo nas horas de trabalho.
A Débora Santos dá aula em uma escola pública estadual de educação especial em Rio Branco, no Acre. Ela relata que o trabalho aumentou.
Durante a pandemia da covid-19, muitos professores perderam o emprego. Escolas e faculdades passaram a juntar turmas para as aulas on-line, e dispensaram profissionais. Só no estado de São Paulo, mais de 1,8 mil professores foram demitidos, de acordo com o sindicato da categoria.
Depois de 18 anos de sala de aula, o sustento da pedagoga cearense Alice Soares vem agora de uma loja online para venda de sabonetes, que ela mesmo fabrica. No dia 1º de julho, Alice e outros colegas foram demitidos de uma faculdade particular de Fortaleza. Mas, mesmo nestes tempos de distanciamento, Alice se emociona ao falar da profissão.
Um dom? uma vocação? uma profissão, que forma todas as outras e merece valorização e respeito.
Na escola estadual Dom Bosco, em Rio Branco, os professores adaptaram as aulas e fazem materiais individualizados para cada aluno com deficiência.
A professora Débora Santos que tem alunos com paralisia cerebral, síndrome de down e autismo, lembra que é preciso também estar carregado de sentimentos nobres para ser professor.
*Com colaboração de Deogracia Pinto e Renato Lima.