Nas duas últimas semanas, os 15 mil moradores do Arquipélago do Bailique, conjunto de ilhas que ficam a 12 horas de barco de Macapá, no estado do Amapá, sofrem com o aumento da salinização das águas na foz do Rio Amazonas.
Para entender o fenômeno, conversamos com o pós-doutor em fluxos hidrológicos e professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Amapá, Alan Cunha.
O especialista explica que no período mais seco na região, entre os meses de setembro e novembro, com menos chuvas, o rio Amazonas tem uma vazão menor e o oceano tende a entrar um pouco mais no estuário, que é o ambiente aquático de transição entre um rio e o mar.
Apesar de ser um fenômeno natural, Alan Cunha ressalta que eventos climáticos extremos podem explicar o aumento da salinidade nas águas da região. Segundo ele, a água desta vez está mais salobra do que em outros momentos.
A água salobra, mistura da água doce com a água salgada, ficou mais marcante no Bailique, como evidencia o morador da comunidade Eluzai Otoniel Braga, que cobra das autoridades depósitos para armazenamento de água potável. Segundo ele, a água não permite cozinhar alimentos e tampouco tomar banho.
Com a situação de emergência no distrito, a Secretaria de Mobilização e Participação Popular de Macapá iniciou uma campanha para arrecadação de água potável. O subsecretário da pasta, Emanuel Bentes, traz um balanço do atendimento à população até o momento. Ele afirma que foi arrecado 160 mil litros de água mineral que já foram enviados ao local para cerca de 18 das 54 comunidades locais.
O professor Alan Cunha, da Universidade Federal do Amapá, reforça que o fenômeno da água salobra é grave, especialmente para essas comunidades que são abastecidas pelo maior rio do mundo.
Interessados em contribuir com a campanha SOS Bailique podem procurar a prefeitura de Macapá, na Avenida FAB. O ponto de coleta funciona 24 horas.
*Com produção de Lucineia Siqueira.