10% dos casos de perseguição, ou stalking (em inglês), no Distrito Federal, ocorrem na internet. Entre abril e início de outubro de 2021, a Polícia Civil registrou cerca de 110 casos desse tipo. A maior parte das vítimas é de mulheres.
A perseguição por qualquer meio, inclusive on-line, passou a ser crime no Brasil em março deste ano com a entrada em vigor da Lei 14.132. Uma pesquisa da Unipampa, Universidade Federal do Pampa, avaliou o impacto do texto e o cyberstalking no país.
O perseguidor virtual realiza o assédio de forma constante, por exemplo, com envio de grande quantidade de mensagens por e-mail, celular e redes sociais, além de invadir contas e aparelhos da vítima. Mas também pode usar técnicas mais avançadas, como diz a autora do estudo, Nicole Soldi.
A primeira prisão no país pelo crime aconteceu em abril, na cidade de Fazenda Rio Grande, no Paraná. Um homem criava e-mails e perfis falsos obsessivamente, e comprava novos chips de celular para falar com a vítima. Ele ameaçava divulgar imagens íntimas se não se encontrassem.
A professora da Unipampa, Vanessa Schinke, explica que o fato das vítimas de perseguição serem em grande maioria mulheres está ligado à estrutura social que coloca o homem em posição de poder.
As duas especialistas acreditam que a lei é importante, mas precisa ser acompanhada de políticas públicas para combate à violência de gênero e de capacitação de servidores e policiais.
As vítimas podem pedir apoio das delegacias da Polícia Civil e devem guardar todo tipo de prova, como o celular, imagens das conversas, fotos, ou até mesmo o próprio computador pessoal. O Disque 180 também pode receber denúncias.