Carnaval: desfiles destacam esperança e crítica política no Rio e SP
O segundo dia de desfiles do Grupo Especial, em São Paulo, teve Vai-Vai, Gaviões da Fiel, Mocidade Alegre, Águia de Ouro, Barroca Zona Sul, Rosas de Ouro e Império de Casa Verde. Desfiles que fizeram uma festa de esperança e crítica política.
Depois de dois anos de pandemia, a Rosas de Ouro entrou na avenida para cantar a cura de todos os males. E teve fé, samba, ciência e até uma crítica ao presidente, que virou jacaré depois de tomar vacina.
Já a Mocidade Alegre emocionou, quando, na parada da bateria, toda a escola se ajoelhou na avenida para homenagear a mãe Quelé, Clementina de Jesus: a mulher que precisou viver mais de 60 anos para ser reconhecida como uma das grandes do samba.
No Rio de Janeiro, a Sapacuaí teve um dia que celebrou as religiões de matriz africana. No último dia de desfiles do Grupo Especial, entraram na avenida a Paraíso do Tuiuti, Portela, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Grande Rio e Vila Isabel.
A Tuiuti tocou os atabaques para Ogum, o guerreiro, que no sincretismo é associado a São Jorge. A Mocidade Independentes levou a flecha de Oxóssi, o senhor das matas, para voar sobre a plateia e foi com ousadia que a Grande Rio enfrentou preconceitos e homenageou Exu. O orixá, sempre tão discriminado, foi associado à criatividade de um povo que sempre precisa inventar saídas para seguir vivendo.
A Vila Isabel foi a última escola a desfilar no Rio de Janeiro e entrou na avenida com o dia claro. A escola homenageou Martinho da Vila, também coroado como um orixá, que mostrou fôlego. Aos 84 anos ele cruzou a avenida duas vezes. Primeiro na comissão de frente e, depois, sambando no chão, ao lado do público que invadiu a avenida da Sapucaí para fazer a festa nesse carnaval, de um país que estava com saudades de voltar a festejar.
Os desfiles acabaram, mas a festa continua. Na terça-feira (26) tem apuração, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro.
E depois desfile das campeãs. Na noite de sexta-feira (29), as cinco primeiras colocadas voltam para o Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. E no sábado (30), será a vez das vencedoras do carnaval carioca voltarem à Sapucaí.