Pesquisa mostra que avançou o número de crianças e adolescentes com acesso à internet, mas os meios de acesso ao ambiente virtual revelam desigualdades profundas.
Em 2021, 93% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos acessaram a internet. O dado é da pesquisa TIC Kids Online Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil e do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br.
Há 12 anos a pesquisa monitora o acesso à conectividade em território nacional. Em 2019, ano que antecede a pandemia de coronavírus, 89% tinham acesso à internet.
O avanço da conexão foi maior principalmente nas áreas rurais, que saltou de 75 para 90%, na região Nordeste, saindo de 79 para 92% e entre crianças entre 9 e 10 anos, que saiu de 79 para 92%.
Mas se a pandemia ajudou a acelerar a conectividade, a qualidade do acesso revela desigualdades profundas.
Pouco mais da metade das crianças e adolescentes, 53%, tem apenas o celular para se conectar. Nas famílias de mais baixa renda, nas classes D e E, os celulares são a única ferramenta de conexão para 78%.
Para a coordenadora da pesquisa, Luísa Adib, a qualidade do acesso passa a ser mais um parâmetro para medir as desigualdades.
Segundo o estudo, apenas 16% das crianças de baixa renda conseguem acessar a internet por meio de computadores. Na média, esse índice fica em 44%.
A pesquisa também avaliou a relação dos jovens com as redes sociais e o que chamou a atenção foi a presença do TikTok. A rede de compartilhamento de vídeos curtíssimos, que sequer aparecia na pesquisa anterior, agora reúne os perfis de 58% das crianças e adolescentes, ficando à frente do Facebook, com 51%. A proporção de perfis no Instagram também saltou de 45% para 62%.
O tipo de uso das redes sociais acende alguns alertas como a exposição a conteúdos publicitários que sequer são percebidos assim.
O estudo mostra que oito em cada dez adolescentes viram divulgação de produtos ou marcas na internet.
A pesquisa ouviu 2.651 crianças e adolescentes entre outubro de 2021 e março de 2022 em todo o país.