Uma pesquisa do CGI.br e NIC.br traçou um perfil inédito das redes comunitárias de internet no país.
Maria Fernanda de Souza Silva, de 14 anos, mora no extremo sul da capital paulista. Para ela, acessar a internet é um desafio. É na vida de pessoas como Maria Fernanda que as redes comunitárias ajudam a mudar a realidade.
Um levantamento inédito do Comitê Gestor da Internet no Brasil, o CGI.br, e do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, traçou um perfil dessas redes. Oito em cada 10 redes comunitárias estão em localidades remotas, de maior vulnerabilidade e com pouca oferta de infraestrutura e serviços de internet. São quilombos e territórios quilombolas, territórios indígenas e áreas ribeirinhas.
Para Juliano Cappi, do CGI.br, a pesquisa mostrou que as redes comunitárias ajudam a dar cidadania, resolvendo as falhas de inclusão de uma política baseada exclusivamente na renda das pessoas.
Segundo o estudo, os principais beneficiários das redes comunitárias são os moradores de periferias urbanas e visitantes das associações, além de escolas, igrejas e comerciantes locais.
O principal uso das redes é organizar festividades locais e mobilizar a comunidade em campanhas e temas de interesse, como políticas públicas.
93% das redes comunitárias se definem como “organizações sem fins lucrativos”. Para 4 em cada 10 redes, o custo e manutenção não chega a R$ 1 mil mensais e, também, 4 em cada 10 dependem de doações das pessoas da comunidade para se manterem.
Igual proporção conta com o financiamento de organizações não governamentais. A pesquisa foi coordenada pelo Cebrap, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.