Prováveis vestígios de sangue, marcações de tempo feito por algum prisioneiro e grande interesse da comunidade local em revisitar a memória dos tempos da Ditadura Militar.
Estes foram os principais achados e conclusões da 1ª etapa da pesquisa de arqueologia pública forense realizada nas duas primeiras semanas deste mês de agosto, no Doi-Codi, em São Paulo, local de torturas e prisões durante a ditadura militar.
Mais de 800 pessoas visitaram o local nas duas últimas semanas. Foram colhidos 23 depoimentos de vítimas de torturas no Doi-Codi. O grupo de trabalho reuniu professores e pesquisadores da Unicamp, Unifesp e UFMG, com financiamento do CNPQ e da Fapesp.
Eles utilizaram o luminol, reagente para encontrar sangue e, em alguns locais, aparecerem vestígios de sangue, mas a professora da Unifesp Claudia Plens afirmou que são necessários testes de laboratório para confirmar se era realmente sangue. Ela explicou que o luminol reage a materiais inorgânicos, como o ferro.
As marcações de tempo de um prisioneiro encontradas no banheiro podem ter sido feitas no ano de 1970 ou 1981, de acordo com os pesquisadores. A previsão é que as conclusões dos testes em laboratórios saiam em 6 a 8 meses.
O principal objetivo do estudo é transformar o local, localizado nos fundos da delegacia da polícia civil, na rua Tutoia, em São Paulo, em memorial da resistência à ditadura.
A historiadora Fernanda Lima, falou que a principal pergunta de estudantes sobre o por que os vizinhos do Doi-Codi não denunciavam as torturas, levam às reflexões sobre o presente.
O então preso político Emilio Ivo Ulrich tem uma explicação para a falta de denúncias… todos foram ameaçados de serem levados ao Doi-Codi.
A ideia de transformar o local em memorial esbarra na dificuldade de conseguir dinheiro para as pesquisas. Também não há interesse do governo de São Paulo em realizar o levantamento, no momento. Mas, está em andamento uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público contra o governo de São Paulo por causa disso. A ação está em fase de tentativa de conciliação. A área já foi tombada pelo IPHAN, em 2014.
O trabalho arqueológico do GT pode ser visto nas redes sociais no @arqueodoicodisp.
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