A Terra Indígena do Vale do Javari, na fronteira entre o Amazonas e o Peru, concentra a maior quantidade de indígenas em isolamento voluntário do mundo. De acordo com o Instituto Socioambiental, são 19 povos na região.
A partir de agora, uma plataforma de monitoramento desses povos reúne informações de bancos de dados públicos e de levantamentos feitos pelo Observatório dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato. Uma das ideias é reunir informações, tais como as condições de saúde, empreendimentos e outros tipos de fatores que estejam ameaçando os povos da região, como explica Fábio Ribeiro, antropólogo e coordenador executivo do Observatório.
O projeto é do Observatório dos Povos Indígenas Isolados e abrange o território ocupado pelos indígenas em isolamento voluntário que vivem na porção brasileira da Amazônia. Ele foi lançado no último dia 15, data que lembra o aniversário de Bruno Pereira, assassinado em junho do ano passado. O indigenista também foi o fundador do Observatório e um dos idealizadores do projeto, fazendo parte da primeira equipe técnica.
O Observatório também esclarece que as localizações dos registros aparecem com as coordenadas deslocadas, propositalmente, para evitar a identificação exata dos territórios desses povos, e evitar, assim, risco de ataques contra eles.
Cerca de 30 registros de povos indígenas isolados já foram confirmados pela Funai, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, que também contabiliza outras 26 referências em estudo e mais 60 registros de informação. Ao todo, são 114 registros de povos isolados, como explica o antropólogo Fábio Ribeiro.
O nome escolhido para plataforma geoespacial é "Mopi", que no idioma zo’é significa “fazer ferroar” e remete tanto a oferecer medicina aos aliados, quanto veneno aos inimigos. A plataforma conta com a parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira e a Operação Amazônia Nativa.