As mudanças climáticas são o principal fator para o calor extremo recente que atingiu a América do Sul e não o fenômeno El Niño, como se pensava.
É o que aponta um estudo conduzido por 12 cientistas de universidades e agências meteorológicas do Brasil, da Holanda, do Reino Unido e dos Estados Unidos. Os pesquisadores integram colaboração internacional que analisa as possíveis influências em eventos climáticos extremos.
Os cientistas analisaram dados e simulações de modelos para comparar o clima do passado com o atual e descobriram que tais episódios de calor extremo na América do Sul, fora dos meses de verão, são muito improváveis sem as alterações climáticas causadas pelo homem, como explica a professora do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Renata Libonati, uma das autoras do estudo.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, outro autor do estudo, o pesquisador Djacinto Santos, também do Instituto de Geociências da UFRJ, explicou que o Brasil tem muitas regiões mais suscetíveis a esse aumento de temperatura, por ser um país tropical, com maior incidência de radiação solar, e pelo efeito das chamadas ilhas de calor urbano que são regiões que devido às construções e muito concreto concentram mais calor.
Ele alertou que é urgente reduzir as emissões de gases do efeito estufa e o desmatamento ilegal no país e pensar em planejamento para enfrentar possíveis novas ondas de calor.
Renata Libonati reforça que as mudanças climáticas tornam os fenômenos climáticos extremos muito mais frequentes.
Grandes regiões da América do Sul foram afetadas pelo calor incomum em agosto e setembro, com temperaturas ultrapassando os 40 graus, nos primeiros dias da primavera. O calor prolongado veio depois de muitos países experimentarem também o inverno mais quente já registrado.