Moradores dos bairros de Flexais, na região de Maceió isolada devido a exploração de sal-gema pela Braskem, protestaram hoje pedindo realocação imediata do bairro. Eles fecharam ruas e a linha de trem que corta o bairro.
O bairro dos Flexais está ilhado socialmente após o deslocamento de cinco bairros vizinhos a partir de 2019. Só é possível acessá-lo passando pelas regiões completamente vazias após o desalojamento da população.
O líder comunitário Antônio Domingos diz que os moradores estão com medo após o iminente risco de afundamento da área da mina número 13.
Sebastião da Silva trabalha como serralheiro na região. Ele crítica o abandono dos moradores.
O morador Maurício Sarmento afirma que a situação representa um racismo ambiental contra moradores mais pobres.
Durante a tarde, a Polícia Militar e a Defesa Civil negociavam com os moradores uma reunião com o Grupo de Emergência da Prefeitura. Mas até o momento os moradores não desocuparam as vias.
A Defesa Civil de Maceió informou hoje que a velocidade de afundamento da mina 18 é de 2,6 centímetros por hora.
O alerta é máximo frente ao risco de colapso iminente da mina, que fica abaixo do antigo campo de treinamento do CSA, no bairro do Mutange. Pode ocorrer a qualquer momento um afundamento de terra de danos que ainda não são presumíveis.
A Braskem informou que segue o mapa de linhas prioritárias de realocação das famílias definido pelo Defesa Civil.
A Prefeitura de Maceió diz que disponibilizou abrigos para acolher a população de forma emergencial. Ela não comentou sobre a situação da região dos Flexais.
A exploração de sal-gema subterrâneo ocorre há 40 anos em Maceió. Ao todo, existem 35 minas de exploração, que tiveram suas atividades suspensas em 2019. Mais de 60 mil pessoas tiveram que ser removidas dos bairros atingidos