CNU: vaga sem diploma específico vai exigir adaptação de aprovados
Nada menos do que 1.875 vagas disponíveis no chamado Enem dos Concursos, que tem inscrições até o dia 9 de fevereiro, são para pessoas com formação superior em “qualquer área de conhecimento”. Também há cargos que descrevem uma especialidade, mas não exigem nenhum diploma específico, como as 900 vagas para auditor-fiscal do trabalho.
Apesar de ser uma oportunidade, fica uma questão: como o candidato consegue saber se vai se adaptar ao serviço, se não é uma função que aprendeu na faculdade? O professor Francisco Antônio Coelho Júnior, do Departamento de Administração da Universidade de Brasília, explica que o primeiro passo é escolher o bloco com o qual tenha mais afinidade. "Quando a gente analisa o edital, nós temos oito blocos temáticos em que o candidato pode escolher um desses blocos a partir do alinhamento com o que interessa, com o que motiva ele, de possibilidades de organizações na área de gestão governamental e administração pública. Até um bloco que tem um nível intermediário, não precisa ser um nível superior, um bloco ambiental, um bloco de qualidade de vida e saúde do servidor. Cada candidato vai optar pelo bloco que mais tem afinidade e se identifica", diz.
O professor lembra que um dos principais atrativos do concurso público é a remuneração. Porém, ele explica que é importante se atentar para outras questões antes de escolher o cargo ao qual pretende concorrer. "Existe um aspecto de uma remuneração não financeira, em que outros elementos são levados em conta, como as condições de trabalho, um ambiente agradável para se trabalhar. É muito importante que cada candidato tenha conhecimento do nível de dificuldade que ele vai enfrentar, a partir da natureza do cargo que ele vai ocupar ou a partir do bloco temático ao qual ele vai escolher para fazer o concurso. E cada cargo tem uma identidade. Eu acredito muito na identificação do perfil do candidato em relação ao perfil desejado dentro das competências daqueles oito blocos temáticos para ele começar a se situar", completa.
A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Ester Dweck, em entrevista ao programa Bom dia, Ministra, do Canal Gov, explica que o processo de aprendizado é contínuo a partir do momento que o aprovado é convocado para assumir a vaga. Ou seja: mesmo em cargos que são pedidos conhecimentos específicos, o aprovado terá que aprender sobre a nova função. "Ninguém entra no serviço público sabendo tudo que vai precisar fazer, serviço público é uma escola. A partir do momento que você entra, você vai num processo contínuo de aprendizado e a gente espera que essa pessoa seja capaz de continuar aprendendo ao longo da sua vida laboral", diz.
Vale apontar que existe a possibilidade de alguém ser aprovado em uma vaga que não é da sua área específica, assumir o cargo e, posteriormente, ser chamado para uma vaga na sua área de formação. Mas isso é assunto para o próximo episódio em que vamos explicar como funciona o cadastro reserva do Concurso Nacional Unificado.
*Com edição de Edgard Matsuki e sonoplastia de José Maria Pardal