O ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid e mais 15 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por participação em esquema de fraudes em cartões de vacinação.
As informações constam em relatório da PF, que teve o sigilo retirado, nesta terça-feira (19), pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
A polícia identificou uma associação criminosa que inseriu dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina.
O objetivo era alterar a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários e burlar restrições sanitárias.
Mauro Cid teria emitido, a pedido do ex-presidente, certificados de vacinação contra a covid-19 para Bolsonaro e a filha, antes de viagem aos Estados Unidos, em dezembro de 2022.
As investigações da Controladoria-Geral da União apontaram que um secretário municipal de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, teria sido o responsável por inserir os dados de vacinação em nome de Bolsonaro.
Na data da primeira dose, em 13 de agosto de 2022, o ex-presidente estava na capital carioca e não em Duque de Caxias.
Já em relação à 2ª dose, em 14 de outubro de 2022, apesar de ter comparecido a uma caminhada em Duque de Caxias, não há nenhum indicativo de que o então presidente tenha comparecido à uma unidade de saúde municipal para se vacinar.
Bolsonaro embarcou para Belo Horizonte, ficando pouco tempo na cidade.
A PF aguarda o envio de dados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos para saber se os investigados fizeram uso dos certificados de vacinação ideologicamente falsos quando da entrada e estadia no território norte-americano, podendo configurar novas condutas ilícitas.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, a inserção de dados falsos de vacinação pode ter sido utilizada pelo grupo para permitir que seus integrantes, após a tentativa inicial de Golpe de Estado, pudessem ter à disposição os documentos necessários para cumprir eventuais requisitos legais para entrada e permanência no exterior, aguardando a conclusão dos atos relacionados a nova tentativa de Golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.
Pelas redes sociais, o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, disse que a defesa não teve acesso ao indiciamento.
O advogado acrescentou que enquanto exercia o cargo de presidente, Bolsonaro estava completamente dispensado de apresentar qualquer tipo de certificado nas suas viagens.