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João Cândido: Marinha critica, mas MP defende nome como herói nacional

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Carolina Pessoa - repórter da Rádio Nacional
26/04/2024 - 19:03
Rio de Janeiro
João Cândido Felisberto (1880-1969) foi o principal líder da Revolta da Chibata, ocorrida no Rio de Janeiro em 1910, que acabou com os castigos corporais na Marinha de Guerra. Foto:  Prefeitura de São João de Meriti/ Reprodução
© Prefeitura de São João de Meriti/Reprodução

A Marinha enviou carta à Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados com críticas ao pedido de entrada de João Cândido, líder da Revolta da Chibata, em 1910, no livro de Heróis e Heroínas da Pátria.

De acordo com o documento, a revolta representou “uma subversão”, sendo “deplorável página na história nacional”.

Segundo a Marinha, apesar de justa a reivindicação de fim das chibatadas, os rebelados buscavam vantagens corporativistas e ilegítimas, como aumento de salários e trabalho menos exigente.

Além disso, a carta aponta que incluir João Cândido no livro seria transmitir à sociedade e aos militares de hoje a mensagem de que é lícito recorrer às armas que lhes foram confiadas para reivindicar direitos.

O Ministério Público Federal, que defendeu em março deste ano a instalação de processo administrativo para reconhecer João Cândido como anistiado político, alega que a reparação ao almirante Cândido foi incompleta, pois ele não recebeu reparação ou pensão do Estado. Houve apenas uma pensão concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. 

O procurador da República Júlio Araújo contesta a negativa da Marinha.

“No nosso entendimento, acho que a Marinha comete um erro grave ao relativizar a gravidade dos castigos físicos e das chibatadas como prática de reprimenda aos marinheiros. A gente torce para que isso seja revisto e que a Marinha entenda a importância do João Cândido também para a correção de rumos, que, com a Revolta da Chibata, isso acabou, a Marinha se tornou um espaço melhor”.

A carta é concluída com o argumento de que a entrada no livro não contribui para o estabelecimento e manutenção do verdadeiro Estado Democrático de Direito.

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