Voluntários organizam complexo de apoio e resgates em Porto Alegre
Um verdadeiro complexo de apoio a resgates foi montado em Porto Alegre por voluntários.
Ele fica no bairro São João, na zona norte da cidade perto do aeroporto, na esquina da avenida Benjamin Constant, com a rua Cairú.
De forma espontânea, os voluntários formaram uma grande estrutura para ajudar pessoas que tiveram as casas invadidas pela água e para quem faz os resgates.
O espaço oferece uma estrutura com atendimento médico, psicológico, alimentação, roupas e uma clínica veterinária.
A dona Marlene Silveira mora no bairro Sarandi, há 60 anos, e também teve a casa lagada. Ela estava no ponto de apoio para buscar um calçado e uma coberta, e teve que segurar o choro para contar a sua história.
"Era 1h da madrugada, eu estava deitada, quando eu vi a água já estava no portão. Eu já saí com a água por aqui".
Ela diz que nunca tinha visto nada parecido.
"Não, é enche d'água, mas vem até o portão e vai, a água sai, vai embora. Mas como essa aí, eu nunca peguei na minha vida isso aí. Duas casas, duas, porque a minha filha mora na frente, e eu nos fundos. As ruas estão lá debaixo d'água".
O bairro Sarandi fica a leste do aeroporto de Porto Alegre. No lado oeste ficam os bairros Humaitá, Navegantes e São Geraldo, que eram atendidos pelos barcos dos voluntários.
Edmilson Brizola, o Batata, ajudou a organizar a entrada das embarcações que partiam pela rua Cairú para resgatar quem precisasse.
"Então eu sabia as partes perigosas que tem o acesso e comecei a trabalhar na logística. Na logística trabalhamos durante dez dias. Durante dez dias a gente tocou mais de 20 ou 30 embarcações, saída totalizando a média de 5 mil a 6 mil pessoas, mais de 2 mil animais".
Após 15 dias, a estrutura começa a ser desmobilizada.
O enfermeiro Flávio Silva participou das atividades desde o começo. Ele conta que foi difícil ver as pessoas se negarem a sair, mas também houve resgates gratificantes, como a de uma mulher numa maca.
"A paciente tinha uns 30kg, pelo jeito a água até fez bem para ajudar ela, porque ela tinha os cuidados de negligência pela família, então ela estava bem, bem, bem debilitada, assim. Então ela foi direto para hospital de ambulância".
A água começou a baixar, mas o que não diminui é a vontade de ajudar quem precisa.