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Casal que imitou macaco em roda de samba é indiciado por racismo

No Brasil, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível
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Fabiana Sampaio - repórter da Rádio Nacional*
20/11/2024 - 18:27
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ), 22.07.2024 - Jackeline Oliveira, a presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal, Monica Cunha, e o produtor Wanderso Luna com o registro da denúncia contra racismo em roda de samba. Foto: Jackeline Oliveira/Arquivo pessoal
© Jackeline Oliveira/Arquivo pessoal

Os dois professores filmados imitando macacos durante uma roda de samba na região central do Rio de Janeiro, em julho, foram indiciados pelo crime de racismo nesta quarta-feira (20), Dia Nacional da Consciência Negra. 

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância da capital fluminense denunciou a argentina e o brasileiro envolvidos no caso.

Segundo a Polícia Civil, durante a investigação, que levou quatro meses, foram analisadas as imagens e ouvidas testemunhas, além dos autores do crime. O relatório, que será enviado ao Ministério Público, aponta que os atos são graves.

O documento afirma que, mesmo considerados como 'brincadeiras', esses comportamentos podem provocar traumas e desigualdades sociais, ferindo a dignidade de pessoas. E que é imprescindível conscientizar e educar a sociedade sobre os impactos históricos e emocionais de tais ações. O crime, de acordo com a legislação vigente, é inafiançável e imprescritível.

O casal foi filmado pela jornalista Jackeline Oliveira que registrou ocorrência junto com a produção da roda de samba Pede Teresa, realizada na Praça Tiradentes, no centro da cidade. A jornalista ficou indignada com o que presenciou e como os dois estavam confortáveis em fazer aqueles gestos em praça pública, diante de tantas pessoas. Jackeline comemorou o indiciamento dos dois pela Polícia.

A jornalista lembrou que as denúncias de casos de racismo têm aumentado e espera que mais pessoas denunciem esse tipo de crime.

Segundo a Polícia Civil, desde a criação da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, mais de 500 casos de crimes raciais já foram investigados. 

A Polícia Civil foi questionada sobre o prazo de quatro meses para conclusão do inquérito e informou que esse tempo pode ser considerado normal para esse tipo de apuração. A assessoria disse que o inquérito é uma peça técnica - com análise de imagens e tomada de depoimentos - e que sua conclusão no Dia da Consciência Negra foi uma coincidência.

*Com a colaboração da Agência Brasil

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