O fundador do Wikileaks, Julian Assange, foi preso na Inglaterra em 2019, após sete anos asilado na embaixada do Equador. Ele é acusado pela Justiça dos Estados Unidos de ter cometido 18 crimes, incluindo espionagem, devido à publicação, em 2010, de mais de 700 mil documentos secretos relacionados às guerras no Iraque e no Afeganistão. Caso seja considerado culpado, ele pode pegar uma pena de até 175 anos de prisão.
O repórter Pedro Moreira conta um pouco desta história.
2010, o site Wikileaks criado quatro anos antes divulga centenas de milhares de documentos secretos do governo americano. Relatórios da atuação militar no Afeganistão e no Iraque revelam abusos de direitos humanos, mortes de civis, crimes de guerra. Telegramas diplomáticos trazem à tona os bastidores de temas sensíveis na relação com outros países. Governos reagem. O site chega a sair do ar. Doações são bloqueadas. Mas logo o alvo principal passa a ser o criador do Wikeleaks, Julian Assange, programador e ativista australiano.
Ainda em 2010, por acusações de abuso sexual na Suécia, ele é preso pela primeira vez na Inglaterra. O australiano nega e afirma que trata-se de uma resposta aos vazamentos. Já em liberdade, e durante a batalha judicial para evitar ser extraditado, em 2012 Assange se refugia na embaixada do Equador em Londres, ele receberia asilo do país e ficaria confinado ali por 7 anos.
Em 2017, a investigação de estupro é arquivada, mas a essa altura já existe uma ordem de prisão internacional contra ele por causa dos vazamentos nos Estados Unidos. Em abril de 2019, o Equador revoga o asilo e Assange é preso pela polícia inglesa dentro da embaixada.
No momento, a defesa dele aguarda a resposta da justiça do Reino Unido para mais um recurso contra a extradição para os Estados Unidos. Lá aguardam 18 acusações baseadas na lei de espionagem americana.
Em meio aos protestos pela sua libertação, promovidos desde o início mundo afora e o apelo do governo australiano pelo perdão das acusações, recentemente um grupo de intelectuais, cientistas e ex-ministros de estado, sindicalistas e lideranças da sociedade civil redigiu uma casta ao presidente Lula, pedindo que ele conceda asilo político ao fundador do Wikileaks.
No mês anterior, durante visita ao Reino Unido, o presidente Lula foi perguntado sobre a situação do ativista.
Para o professor de Relações Internacionais, João Alfredo Niegrai, mesmo que Lula concedesse asilo ao ativista, seria pouco provável que as autoridades inglesas o entregassem ao Brasil. E mais do que apenas um gesto humanitário, uma ação nesse sentido teria inúmeras implicações para a diplomacia brasileira.
Assange está privado de liberdade há mais de 10 anos sem nunca ter sido condenado.