O ataque surpresa do Hamas tem sido interpretado por especialistas como uma tentativa de frustrar os acordos que Israel costurou com o mundo árabe nos últimos anos.
Desde 2020, Israel tem fixado os chamados Acordos de Abraão com Emirados Árabes Unidos, Bahreim, Marrocos e Sudão e caminhava para fechar acordos com a Arábia Saudita sob a mediação dos Estados Unidos.
Com isso, Israel esperava estabilizar as relações com os países árabes e isolar o seu maior rival: o Irã, aliado histórico do Hamas.
O cientista político e professor de Relações Internacionais, Maurício Santoro, que é colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, analisa que a tentativa de frustrar esses acordos explica o ataque do Hamas.
A assessora do Instituto Brasil-Israel Karina Caladrin, que também é pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, lembrou que o Hamas quer o fim do Estado de Israel e que, por isso, tem atacado os acordos árabe-israelenses dos últimos anos.
O doutor em Estudos Estratégicos Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Robson Valdez, acrescentou que, assim como os Acordos de Abraão, os acordos da China no Oriente Médio também pressionam para uma maior estabilidade política na região, o que o ataque do Hamas acaba por desestabilizar.
Valdez lembrou que os palestinos tentam construir um Estado a partir do direito internacional com apoio de outros países, mas que Israel, dada sua superioridade militar, tem avançado sobre os territórios palestinos.