Pobreza na Argentina atinge maior nível em 20 anos
Um estudo da Universidade Católica Argentina mostrou que a pobreza no país atingiu o maior nível em 20 anos. Em janeiro, 57,4% da população argentina vivia abaixo da linha da pobreza.
Na ONG Sal da Terra, que distribui refeições em Villa Fiorito, subúrbio de Buenos Aires, o número de pessoas buscando ajuda não para de crescer, como afirma Maria Torres, uma das voluntárias. No início eram 20 famílias. Hoje, são cerca de 70 que vêm buscar comida. Segundo ela, a escassez está crescendo e a fome está crescendo.
De acordo com o Observatório Social da Universidade Católica Argentina, 57,4% da população vivia abaixo da linha da pobreza em janeiro, ante 49,5% em dezembro. É o maior índice em 20 anos, o equivalente a 27 milhões de pessoas. A extrema pobreza também cresceu, de 14,2%, em dezembro, para 15% em janeiro.
O estudo aponta, como uma das principais causas, a desvalorização do peso argentino frente ao dólar, promovida pelo governo de Javier Milei assim que assumiu, que levou ao aumento da já astronômica inflação do país vizinho. Outras medidas incluíram a redução dos subsídios à energia e aos transportes e o aumento de impostos visando alcançar o equilíbrio fiscal.
Em uma postagem no X, o presidente Javier Milei culpou os governos anteriores pelo aumento da pobreza. Escreveu ele: a verdadeira herança do modelo de castas. A destruição dos últimos cem anos não tem paralelo na história ocidental. O povo votou a favor da mudança e vamos dar as nossas vidas para levá-la adiante.
Castas é como Milei chama a elite política e do funcionalismo. Na sexta-feira (16), o ministério da Economia argentino informou um superávit orçamentário em janeiro equivalente a US$ 620 milhões, o primeiro desde agosto de 2012. Dados do próprio governo sobre a pobreza devem ser divulgados no final de março pelo Instituto Nacional de Estatísticas.