Impunidade alimenta violência contra defensores de direitos humanos
Organizações de defesa dos direitos humanos dizem que as descobertas do caso Marielle Franco refletem como a impunidade é uma marca dos crimes cometidos contra defensores no Brasil. Depois de seis anos, as investigações finalmente chegaram aos suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, mas apontaram também que policiais ajudaram a planejar o crime e dificultar as averiguações. A diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, diz que as prisões são um avanço, mas não a solução completa.
Neste domingo (24), foram presos o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingo Brazão, e o ex-chefe da Policial Civil fluminense, Rivaldo Barbosa. Os dois primeiros teriam encomendado a morte de Marielle, enquanto Barbosa teria ajudado no planejamento e atrapalhado a elucidação do crime. A Presidente do Instituto Marielle Franco, Ligia Batista, reiterou que o caso só estará concluído quando todos os envolvidos forem condenados.
Para a advogada da organização Terra de Direitos e representante do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, Camila Gomes, não se pode esquecer o que levou os acusados a planejarem e executarem o crime.
O Comitê Justiça Por Marielle e Anderson, que reúne os familiares das vítimas, a Justiça Global e as três entidades ouvidas, também declarou em um comunicado que a justiça vai além da responsabilização dos executores e dos mandantes. Também é preciso reparação aos familiares e medidas de não repetição, ou seja, de prevenção contra outros casos de violência política de gênero e raça.