Nicolás Maduro apresentou um recurso eleitoral contencioso, previsto na legislação do país, para que a câmara eleitoral do Supremo investigue o que ele chamou de ataque contra o processo eleitoral e uma tentativa de golpe de estado.
Maduro voltou a falar em uma conspiração global contra a Venezuela. E pediu que o Judiciário convoque todos os demais poderes e instituições do estado para que, através de uma perícia, certifiquem o resultado da votação de domingo.
Nesta quarta-feira (31), em Caracas, apesar de um clima de aparente normalidade, a tensão permanecia. Muitos negócios seguiram fechados, alguns por medo de atos violentos, outros pela falta de funcionários. O metrô da capital venezuelana voltou a funcionar. Mas a circulação de ônibus segue comprometida. Henry Gutierrez, morador de Caracas, disse que as pessoas não querem ir para a rua trabalhar com medo do que pode acontecer.
Ontem, milhares participaram de um protesto pacífico da oposição, que agora garante que conseguiu reunir os boletins de 90% das urnas do país. A coligação de partidos liderada por Maria Corina Machado está publicando os documentos em um site na internet. Ela afirma que o detalhamento da votação por seção demonstraria que Edmundo Gonzalez teria obtido ampla maioria de votos, vencendo Maduro.
Ainda nessa terça-feira, uma multidão de apoiadores do atual presidente também se manifestou em Caracas, a favor do resultado da eleição. A marcha terminou diante do Palácio de Miraflores, sede do governo. Onde Maduro discursou de um balcão. Ele disse que até consolidarem a paz, ordenou patrulhas militares e policiais em todas as cidades e pediu que o povo permaneça mobilizado nas ruas todos os dias. Maduro disse que quase 70% dos presos nos protestos estavam drogados. Muitos estariam armados e teriam confessado fazer parte de um plano da ultra direita e de Maria Corina Machado, a quem chamou de terrorista.
Desde o anúncio do resultado, manifestações têm se espalhado pelo país contestando a reeleição de Maduro. O último balanço do Ministério Público da Venezuela afirma que 1.062 pessoas foram presas, um policial foi morto e outros 77 integrantes das forças de segurança ficaram feridos. Já a ONG venezuelana Foro Penal calcula que onze manifestantes morreram.
* Com informações da Agência Reuters