O ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos depôs nesta quarta-feira ao Tribunal Especial Misto, que analisa o processo de impeachment do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, acusado de corrupção. Mas por ordem do Superior Tribunal de Justiça, a oitiva não pode ser transmitida, nem gravada, atendendo a um pedido da defesa de Santos, que alegou proteção da sua imagem pessoal. O ex-secretário depôs protegido por biombos e cartazes, para que a imprensa não pudesse sequer fotografá-lo.
A arguição começou com mais de 3 horas de atraso, pois no início da sessão, Witzel anunciou a destituição dos seus advogados e pediu 20 dias para apresentar nova defesa. A solicitação, no entanto, foi negada pelo Tribunal Especial e a sessão foi suspensa apenas temporariamente até que um novo advogado se apresentasse.
Edmar Santos falou por cerca de 1 hora e 40 minutos e respondeu a perguntas formuladas pelo próprio Witzel, que é ex-juiz e decidiu assumir essa prerrogativa da sua defesa. O ex-secretário estadual de Saúde afirmou que concedeu cargos a pessoas indicadas pelo grupo político de Witzel, e também acusou o governador afastado de direcionar repasses a prefeituras comandadas por aliados.
Além disso, Santos disse que alertou Witzel sobre o perigo de voltar a contratar uma organização social, que havia sido proibida de negociar com o estado por causa de irregularidades.
Antes do depoimento, enquanto aguardava a chegada de seu novo advogado, Witzel voltou a afirmar que não teve participação em nenhum esquema de corrupção, apesar de admitir a descoberta de uma organização criminosa na área da saúde do estado. Ele inclusive identificar o chefe desse grupo, prometendo revelar mais detalhes durante a sessão.
O ex-secretário Edmar Santos é uma figura chave na acusação contra Witzel, e chegou a ser preso no ano passado por causa dos escândalos envolvendo as contratações emergenciais para combater a pandemia de covid-19 no Rio de Janeiro.
As informações passadas por ele em um acordo de delação premiada são as principais peças da denúncia contra Wilson Witzel, acusado de se beneficiar desses esquemas e também de outras contratações irregulares firmadas com organizações da área da saúde.
Com os depoimentos de Santos e Witzel, o processo de impeachment do governador afastado se encaminha para a fase conclusiva. Nas próximas semanas, a defesa e a acusação farão suas alegações finais, o que será precedido da leitura do voto do relator do processo e, por fim, a votação em plenário que vai decidir se Witzel perderá ou não definitivamente do cargo.