Após quatro anos do maior desastre ambiental do país, três das 270 vítimas de Brumadinho ainda não foram identificadas: Maria de Lurdes da Costa Bueno, Nathália Oliveira Porto Araújo e Tiago Tadeu Mendes da Silva.
O luto dos familiares das vítimas não é menor do que o desejo por Justiça, já que a retratação aos familiares e a reparação aos danos ambientais e à saúde da população ainda estão sendo feitos e passam por avaliação de equipes especializadas.
Mãe de Tiago Tadeu Mendes da Silva, Lúcia Aparecida Mendes, de 57 anos, conta que o sofrimento da família é diário. Com a saúde mental abalada, ela não se conforma com a omissão da empresa Vale sobre os riscos que a barragem apresentava.
A barragem da Mina do Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, se rompeu em 25 de janeiro de 2019, despejando milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro na bacia do rio Paraopeba vitimando trabalhadores da empresa e moradores da região, além de gerar sérios danos ambientais.
Ainda vigente e sem prazo para terminar, a Operação Brumadinho do Corpo de Bombeiros passou por diferentes estratégias de buscas. O tenente coronel Ivan Neto explica que, atualmente, as equipes utilizam maquinário de mineração e trabalham 24 horas para localizar as últimas vítimas.
Responsável por uma assessoria técnica independente em ações coletivas de reparação, a Aedas, Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social de Minas Gerais, atende seis municípios atingidos pela barragem da Vale em Brumadinho.
Isis Taboas, coordenadora institucional da Aedas, explica que, um estudo amostral realizado pela entidade aponta que a água para consumo em Brumadinho ainda apresenta algum grau de contaminação.
Em comunicado, a Vale afirma que mais de 13.500 pessoas já fecharam acordo de indenização em reparação aos danos causados pelo rompimento da barragem B1, em Brumadinho. Segundo a empresa, a população que vive próxima às barragens da Vale estão mais seguras, já que a empresa eliminou mais cinco barragens a montante somente em 2022. Segundo a Vale 12 estruturas foram extintas desde 2019, alcançando 40% de avanço no Programa de Descaracterização.
Nessa terça-feira, a Justiça Federal em Minas Gerais aceitou uma denúncia do Ministério Público e tornou réus 16 pessoas e duas empresas, a Vale S.A e a prestadora de serviços alemã Tuv Sud. Elas foram responsabilizadas pelo rompimento da barragem em Brumadinho.
Com colaboração de Noemi Higino e produção de Salete Sobreira