Filho do fundador das Casas Bahia é condenado pela Justiça do Trabalho
A Justiça do Trabalho condenou o filho do fundador das Casas Bahia por tráfico de pessoas para fins sexuais. O empresário Saul Klein foi condenado a pagar R$ 30 milhões por aliciar jovens e adolescentes, com falsa promessa de trabalho e explorá-las sexualmente, submetendo à condição similar à escravidão.
O Ministério Público do Trabalho foi responsável pela investigação e denúncia do caso. Klein prometia trabalho de modelo às mulheres, que tinham entre 16 a 21 anos.
Após o aliciamento, as mulheres eram exploradas no sítio do empresário, sendo obrigadas a manter relações sexuais forçadas com ele durante dias, sob violência psicológica e vigilância armada. Também foi constatada a infectação das jovens por doenças sexualmente transmissíveis.
A justiça do trabalho reconheceu, para fins trabalhistas, que o réu mantinha as mulheres em condições similares a de escravas. E que o esquema era utilizado para satisfazer os desejos pessoais de Saul Klein, ferindo a dignidade humana e causando transtornos irreparáveis às vítimas.
O empresário utilizava de sua influência e poder econômico para manter a estrutura montada para abusar das mulheres aliciadas.
A justiça definiu a condenação deR$ 30 milhões por dano moral coletivo, que será destinado pelo MPT a instituições sem fins lucrativos. Foi imposta, ainda, multa de R$ 100 mil caso seja descumprida a decisão que o impede de continuar praticando o tráfico de pessoas e exploração sexual.
Saul Klein chegou a disputar eleições em 2020, pelo PSD. Ele concorreu ao cargo de vice-prefeito de São Caetano do Sul e declarou patrimônio de mais de 61 milhões de reais.
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo e Ministério Público Estadual foram oficiados para apurar se os médicos que realizavam atendimentos às vítimas no sítio de Klein cometeram infração ética ou legal, além de infração à saúde pública.
As denúncias contra o filho do fundador das Casas Bahia foram reveladas por veículos de imprensa, que serviram como base para abertura de processo pelo Ministério Público do Trabalho.
A defesa de Saul Klein disse, em nota, que ele não foi condenado por nenhum crime, sendo que a Justiça do Trabalho não tem a competência para julgar a alegada prática do crime de tráfico de pessoas.
Os advogados ainda afirmam que o empresário, até este momento, nem mesmo é réu em ação penal relacionada aos fatos. E que Saul Klein recorrerá da sentença proferida pela Justiça do Trabalho.