Uma pesquisa inédita sobre a leitura dentro das prisões mostrou que 30% das mais de 1.300 unidades pesquisadas não têm bibliotecas nem espaços de leitura.
Considerando apenas as prisões com espaços reservados para a prática, 64% têm projetos de incentivo à leitura. Mas em apenas 7% desses locais há bibliotecários. Os dados são do Censo Nacional de Leitura em Prisões, elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça.
O estudo foi apresentado durante o Encontro Nacional de Gestores de Leitura em Ambientes Prisionais, que contou com palestra magna do presidente do Supremo Tribunal Federal e do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso. Ele destacou outras demandas urgentes para os apenados.
A legislação brasileira permite a redução de quatro dias de pena para cada livro lido na prisão,mas o estudo do CNJ, ressalta também que os projetos de incentivo à leitura podem contribuir para a reabilitação.
A promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás, Liana Tormin, citou o caso de uma professora que trabalhava no sistema prisional, num projeto de remissão de pena pela leitura. Quando o contrato dela foi rompido, os presos escreveram uma carta para o prefeito da cidade, pedindo a recontratação dessa docente.
O estudo mostrou, ainda, que o desafio é maior nas prisões masculinas. O levantamento com os apenados mostrou ainda que, em média, mulheres leram oito livros no período de 4 meses cobertos pela pesquisa, enquanto os homens leram apenas dois.