Indígenas do Oiapoque ajudam a salvar tartarugas tracajás

Tracajás correm risco de extinção. Projeto salva milhares de filhotes

Publicado em 20/03/2021 - 10:00 Por Maira Heinen - Brasília - DF

Se esgueirando no meio da mata, indígenas da região do Oiapoque, no Amapá buscam por ovos de tracajás, espécie de tartaruga da Amazônia que corre risco de extinção. A operação de resgate e manejo dos ovos faz parte do projeto “Amigos dos Tracajás” e está ajudando a salvar milhares de filhotes.

Nos dois últimos finais de semana, foram soltos mais de 2 mil e 500 animais nos rios. Segundo a Coordenadora do Programa Oiapoque do Iepé - Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, Rita Lewkowicz, o manejo é importante não só para a conservação da espécie, como também para a valorização dos conhecimentos tradicionais indígenas.

Cuidados com o manejo

Antes da soltura, há um longo e difícil trabalho de coleta dos ovos, que são cuidadosamente armazenados em isopores, para serem levados para as incubadoras. Depois de dois meses, os ovos eclodem e os tracajás ainda recebem mais um período de cuidados até serem devolvidos para os rios e igarapés.

Além de salvar muitos animais, o ritual de soltura dos tracajás envolve toda a comunidade numa verdadeira reunião, quando conversam sobre regras internas para o consumo e para garantir a manutenção e crescimento da espécie.O tracajá faz parte da alimentação de várias populações tradicionais, além de servirem como remédios e integrarem a cultura com o grafismo e os artesanatos. Mas para o restante da população, a captura desses bichos é proibida e pode render multa, conforme explicou Ricardo Mota Pires, analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

O projeto Amigos dos Tracajás começou em 2005, ganhou mais força a partir de 2016 e conta com o apoio do Iepé, da Funai e da Universidade Federal do Amapá. Na última soltura, apesar do número recorde de animais, os indígenas observaram uma redução do tamanho dos bichos e ainda, ovos que não eclodiram. Eles atribuem o acontecimento ao processo de mudanças climáticas e vão observar o fenômeno nos próximos anos.

Edição: Leyberson Pedrosa

Últimas notícias
Esportes

Libertadores: Flamengo e Palmeiras terão duelo contra altitude

Nesta quarta-feira (24), Flamengo vai a La Paz, na Bolívia, para enfrentar o Bolívar. E Palmeiras vai a Quito, no Equador, para encarar Independiente del Valle. 

Baixar arquivo
Cultura

Carnaval: maior festa popular agora é manifestação cultural nacional

“É colocar o carnaval do lugar de direito dele”, afirma Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, associação de blocos de rua do Rio de Janeiro. Para ela, a lei significa mais incentivos e mais investimentos em torno da folia que leva milhões às ruas brasileiras.   

Baixar arquivo
Saúde

Brasil registra mais de 3 mil mortes por covid-19 em 2024

Infectologista fala da necessidade de se manter o reforço da vacinação em dia para evitar que as pessoas se tornem agentes de contaminação para pessoas do grupo de risco. 

Baixar arquivo
Geral

Portos e Aeroportos e Anac irão investigar morte de cão Joca em avião

O cão Joca morreu aos cuidados da Gol. Ele foi embarcado para o destino errado e ficou oito horas dentro do canil, a uma temperatura de 36°. Presidente Lula prestou homenagem ao golden retriever, usando uma gravata com cachorros.

Baixar arquivo
Direitos Humanos

Caso Bruno e Dom: Justiça adia julgamento sobre júri popular

O desembargador federal retirou o julgamento da pauta para avaliar o pedido dos advogados de defesa. Ele também não divulgou nova data para retornar a apreciação. 

Baixar arquivo
Direitos Humanos

Letalidade policial no Brasil preocupa, aponta Anistia Internacional

“As polícias do Brasil não usam a inteligência como ferramenta. Usam a brutalidade, o tiroteio, as armas, a matança", afirma Jurema Werneck, Diretora Executiva da Anistia Internacional Brasil. Relatório da organização mostra violações de direitos humanos em mais de 150 países. No Brasil, as denúncias em 2023 aumentaram 41%, em relação a 2022.

Baixar arquivo