60% das queimadas no Brasil ocorrem em áreas particulares
A seca que atinge a região Centro-Oeste preocupa as autoridades. O Instituto Nacional de Meteorologia declarou, nessa sexta-feira (20), alerta laranja, de perigo, por causa da seca em Mato Grosso, onde nas horas mais quentes do dia a umidade do ar pode ficar entre 12% e 20%. E alerta amarelo, de perigo potencial, devido à onda de calor que atinge o estado.
Mato Grosso é o terceiro maior estado do país, atrás de Amazonas e Pará. Com um território tão grande, abriga diferentes biomas e aumentam os riscos de queimadas. O superintendente de Proteção e Defesa Civil mato-grossense, tenente-coronel Marcelo Augusto Reveles, afirma que os incêndios provocados pela seca atingem diferentes ecossistemas e o prejuízo socioambiental acaba sendo de grande proporção.
Na região do Pantanal mato-grossense, não chove de maneira significativa há mais de cinco meses. No ano passado, o fogo destruiu 26% do Pantanal, na maior queimada da história da região. E as chuvas de verão não foram suficientes para recuperar a vegetação.
Um levantamento inédito da ONG MapBiomas dá a dimensão da tragédia. De 1985 até o ano passado 2020, o fogo queimou uma área equivalente a 20% do território brasileiro. Foram mais de 1 milhão e 600 mil quilômetros quadrados. Mais da metade dos incêndios ocorreram em áreas de vegetação nativa e os biomas mais afetados foram o cerrado e a floresta amazônica.
O estudo revela, ainda, que 60% das ocorrências de fogo foram em propriedades privadas, e que a incidência nestas áreas tem sido recorrente principalmente na Amazônia, que é um bioma muito sensível, onde raramente o fogo poderia ocorrer de forma natural.
O superintendente da Defesa Civil de Mato Grosso, Marcelo Augusto Reveles, destaca que, além das florestas, os incêndios prejudicam outros recursos naturais, como a água. A escassez de água provoca menos chuva e isso intensifica os efeitos da seca.