Cientistas da UFC descobrem peixe invasor em águas rasas do Nordeste
Uma expedição inédita coordenada pelo Laboratório de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) descobriu uma espécie invasora em águas rasas do Nordeste. Pela primeira vez, o peixe-leão foi detectado no litoral do Ceará e do Piauí, sendo capturados nove peixes da espécie.
Um deles foi descoberto no mar de Camocim, e os outros estavam em Acaraú e Cruz, e nas unidades de conservação do Parque Nacional de Jericoacoara, em Jijoca, e do Delta do Parnaíba, no Piauí.
O peixe-leão é originário dos oceanos Índico e Pacífico, e é considerado extremamente predador. No Brasil, só havia registro da espécie no Amazonas, em Fernando de Noronha e no Rio de Janeiro.
O professor e pesquisador do Labomar Marcelo Soares, que coordenou a expedição, comenta o significado da descoberta no Nordeste.
“Em uma semana e meia de trabalho nós encontramos uma grande concentração do peixe-leão em águas rasas e em ambientes diferentes - de recifes naturais a recifes artificiais usados para pesca. Isso é algo que desperta uma grande preocupação, porque é a primeira prova de que o peixe-leão está em águas rasas do Nordeste brasileiro. É uma descoberta de valor internacional”.
Para o pesquisador, são urgentes novas pesquisas e o extermínio do predador.
“Ele [o peixe] tem um impacto extremamente negativo na pesca e na biodiversidade marinha nativa, isso já foi comprovado na região do Caribe, onde ele invadiu. Então o impacto social e econômico dele na nossa pesca artesanal, no nosso no nosso estado, pode ser muito ruim. fora na biodiversidade nativa, já que ele se alimenta de peixes nativos, de camarões nativos”.
O peixe-leão pode viver em até 100 metros de profundidade. Ele é agressivo e tem 18 espinhos venenosos, colocando 29 espécies de peixes nativos em risco, como destaca o pesquisador Marcelo Soares, do Labomar.
“Essa espécie invasora tem um potencial muito grande de dispersão e de reprodução. Para se ter uma ideia, uma fêmea reproduz a cada quatro dias. Em um ano uma única fêmea pode ter 2 milhões de ovos fecundados. Lembrando que esse peixe não tem nenhum predador no meio ambiente”.
A expedição coordenada pelo Labomar foi realizada com 12 pesquisadores de universidades públicas, além de pescadores da cidade de Acaraú e Camocim. Ela percorreu uma área de quase 200 km e foi feita com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
É a quarta captura do peixe leão no Brasil, identificando a maior concentração do peixe invasor no litoral do país.