O crescente aumento das temperaturas na América Latina e no Caribe deixou milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar em 2021. Essa é uma das conclusões do segundo relatório Situação do Clima na Região, lançado nesta sexta-feira pela Organização Meteorológica Mundial, uma agência das Nações Unidas.
Segundo o estudo, a temperatura média subiu 0.2º C por década entre 1991 e o ano passado na região. O dobro do observado entre 1961 e 1990.
O chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do Inmet, o Instituto Nacional de Meteorologia, Gustavo Motta, diz que o relatório confirma que os efeitos sobre o clima são mais rápidos do que as ações para mitigação.
Na apresentação do relatório, foi destacada a seca que atinge há anos a Bacia do rio da Prata, a pior desde 1944, que afetou Brasil, Paraguai e Bolívia com danos à produção agrícola, incluindo soja e milho, o que afetou mercados globais.
Só em El Salvador, Nicarágua e Guatemala, países da América Central, quase 8 milhões de pessoas ficaram em situação de insegurança alimentar.
Já as chuvas extremas causaram inundações e deslizamentos, que deixaram mortos e pessoas desabrigadas. No Brasil, foram citadas a cheia do Rio Negro, que atingiu o maior nível em mais de 100 anos em 2021, e as inundações na Bahia e em Minas Gerais.
O estudo aponta que o desmatamento da floresta Amazônica no Brasil em 2021 foi de 12 mil km², o dobro em relação a média de 2009 a 2018, com base em dados do Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Na comparação com 2020, 22% a mais de floresta foi perdida no ano passado.