A extensão das estradas não oficiais que se ramificam a partir da BR-319 já é quase seis vezes maior que a própria rodovia, que corta a Floresta Amazônica, ligando Manaus a Porto Velho. As informações são uma atualização de uma nota técnica do Observatório BR-319, que mostra que, dos mais de cinco mil km da rede total de estradas, pelo menos dois mil km foram abertos entre 2016 e o ano passado, principalmente nos municípios de Canutama, Humaitá, Manicoré e Tapauá, conforme explica Thiago Marinho, pesquisador do Instituto de Desenvolvimento da Amazônia.
De acordo com o estudo, além da rodovia BR-319, a BR-230, também conhecida como Rodovia Transamazônica, é a outra via mais fortemente ligada ao desmatamento na região. Para fazer esse mapeamento, foram utilizadas imagens de satélites e bancos de dados públicos.
A nota técnica do Observatório sugere ações efetivas de fiscalização, por parte das instituições responsáveis; mas também a urgência no processo de destinação das florestas públicas. De acordo com o Ipam, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, metade do desmatamento da Amazônia brasileira ocorre em terras públicas, particularmente nas Florestas Públicas Não Destinadas.
Outras recomendações da nota são: o incentivo ao manejo florestal comunitário, monitoramento e controle de territórios indígenas por parte do estado; e o reflorestamento em áreas desmatadas no entorno da rodovia BR-319, conforme defende Thiago Marinho, pesquisador do Instituto de Desenvolvimento da Amazônia.
A Secretaria do Meio Ambiente do Amazonas informou que realiza a gestão ambiental de nove Unidades de Conservação localizadas em torno da BR-319, mas possui interferência apenas sobre Floresta Estadual de Tapauá. As demais, são áreas federais.
Em nota, o Ibama informou que "entende a necessidade no aumento de fiscalização na região e realiza planejamento estratégico para intensificar vistorias na área, em conjunto com ações prioritárias no estado, como o combate ao garimpo ilegal e ao desmatamento".
* Com colaboração de Bruno Moura.