Um estudo liderado pelo Instituto Federal Goiano vai fazer um amplo diagnóstico sobre a poluição por microplásticos nas praias brasileiras.
Segundo o Instituto, este é o maior estudo já realizado no Brasil sobre o tema e conta com a participação de pesquisadores de mais de 20 instituições do país e do exterior.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, o pesquisador que coordena o projeto Micromar, Guilherme Malafaia, afirmou que a poluição dos mares por microplásticos é uma das consequências das atividades humanas que mais têm afetado ecossistemas, e que o estudo vai guiar ações para enfrentar o problema na costa brasileira.
“Esse projeto ele vai servir para a gente identificar os locais mais impactados, mais poluídos e com certeza vai gerar subsídios para tomada de decisão, pra planejamento de estratégias de mitigação e remediação dessa poluição. Sem esse diagnóstico a gente fica um pouco limitado, né? Onde atuar mais, onde investir mais em ações para descontaminação ou redução da da carga poluidora?”
Até o final deste mês, os pesquisadores vão completar a visitação de cerca de 1200 praias, desde a praia do Goiabal, no Amapá, até a Barra do Chuí, no extremo sul do país. Segundo Guilherme Malafaia os microplásticos estão sendo encontrados mesmo em praias isoladas com paisagens naturais preservadas.
“Nós encontramos uma quantidade muito grande de plásticos nos Lençóis Maranhenses, um local de preservação, local é isolado, o acesso é restrito. E além de outros locais. Nós temos aí a Costa do Sauípe, nós temos a região de Florianópolis, a grande Florianópolis, as praias de Ubatuba. A região de São Miguel dos Milagres, em Alagoas. Nós fomos também em praias em que nós encontramos muito pouco ou quase nada de microplástico, mas esses são os extremos. Me preocupa regiões muito isoladas e altamente contaminadas.”
Guilherme Malafaia destaca que estudos já observaram efeitos nocivos dos microplásticos na fauna marinha. No caso dos seres humanos, o pesquisador afirma que foram encontrados microplásticos em alguns órgãos e que novos estudos precisam avançar sobre a associação desses poluentes com doenças.
“Já tem estudos que mostram que nós humanos ingerimos cinco gramas de plásticos por semana e através da água contaminada através do alimento contaminado. Estudos estimam aí que nós estamos inalando entre 6,5 até 9 microgramas de microplástico por quilo por dia. Então é o que nós precisamos entender agora as pesquisas voltadas aos humanos é se esse microplástico, ele está se acumulando no organismo, né? E qual a relação dele com as doenças humanas”
A maior parte da descarga poluidora de microplásticos, de acordo com Guilherme Malafaia, vem dos rios, mas esses poluentes também podem chegar à costa brasileira pelas correntes marítimas ou pelo vento, inclusive de outros continentes. O pesquisador afirma que a poluição por microplásticos é um problema mundial e que é fundamental que cada indivíduo seja parte da solução, com mudanças de atitudes no consumo.
“ A gente sabe que a grande quantidade de plásticos que é descartada no ambiente são plásticos de uso único. É um copo descartável que nós utilizamos, usamos uma única vez, é uma sacola plástica, são talheres. Então a gente evitar esses produtos pode ser uma coisa interessante. Muitas pessoas compram garrafas de água mineral, a gente usar as nossas próprias garrafas, preferir produtos da granel. É melhor e priorizar a empresa ou marcas que tem alguma certificação ambiental, que que favorece aí a diminuição do descarte, principalmente porque elas adotam ações de reciclagem”
Até o final deste mês, os pesquisadores devem concluir a coleta de amostras em todos os estados litorâneos. O projeto MicroMar foi um dos dez aprovados em chamada do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, voltados ao combate à poluição no mar e ambientes marinhos causada pelo plástico.