Do ralo para o campo: pesquisadora da Esalq desenvolve técnica de reaproveitamento do lodo de esgoto
Aquilo que vai pelo ralo das nossas casas pode parecer não ter utilidade nenhuma. Mas a pesquisadora Mayra Maniero Rodrigues, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo, encontrou um destino para o lodo do esgoto doméstico na agricultura.
A engenheira agrônoma desenvolveu um tipo de adubo que pode ser usado nas plantações de soja no Cerrado. O novo produto funciona como solução ambiental como explica a pesquisadora Mayra Rodrigues.
O reaproveitamento pode contribuir para o cultivo de soja, principalmente, nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que dominam mais de 20% da produção no Cerrado. De acordo com a pesquisadora, o adubo desenvolvido a partir do lodo de esgoto trouxe uma boa nutrição das plantas.
A legislação brasileira restringe o uso desse tipo de adubo porque o material pode conter substâncias poluentes e contaminantes. Mas, a partir da pesquisa realizada em laboratório, o lodo de esgoto é transformado em um composto rico em macro e micronutrientes para suprir a deficiência de boro, cobre, cobalto, ferro, manganês, molibdênio, níquel e zinco no solo, que são importantes para o cultivo da soja.
A pesquisa agora entra em uma nova fase. Os próximos testes vão ser realizados em campo. A longo prazo, ainda será analisada a presença de fármacos e outros componentes químicos no lodo de esgoto.
* Com reportagem de Beatriz Evaristo