Curativo de pele de tilápia é usado em animais queimados do Pantanal

Tecnologia é brasileira e já foi usada com o mesmo objetivo nos EUA

Publicado em 16/10/2020 - 16:39 Por Anna Luisa Praser - Brasília

Uma tecnologia inteiramente brasileira tem sido usada na recuperação de animais vítimas de queimadura nos incêndios que atingem o Pantanal. A pele de tilápia, um peixe de água doce abundante no Brasil, é rica em colágeno e tem sido aplicada sobre as feridas de bichos que resistiram ao fogo, mas que agonizam com queimaduras expostas em todo o corpo.

 Felipe Rocha, biólogo e pesquisador foi um dos voluntários da Universidade Federal do Ceará que desembarcou este mês em Cuiabá, capital de Mato Grosso, com uma equipe de três profissionais para dar socorro à fauna local e oferecer treinamento sobre o uso da pele de tilápia. Munido de 130 peles, ele atendeu a diversos bichos, e relata que já era possível ver melhoras significativas após dois dias de aplicação.

A pele da tilápia é colocada sobre os ferimentos e adere a eles formando uma couraça. Quando esse processo ocorre, três outros efeitos acontecem ao mesmo tempo: o colágeno doado à ferida ajuda na cicatrização, a pele cria uma região de proteção que impede a perda de líquidos e o curativo natural reduz a chance de infecções, já que cria uma barreira contra bactérias. Uma outra vantagem é que essa bandagem biológica não precisa ser trocada diariamente e permite que a permanência por até 10 dias sem precisar mexer nos ferimentos reduza o sofrimento dos animais.

O cirurgião plástico e coordenador da pesquisa na universidade do Ceará, Edmar Maciel, pontua alguns requisitos importantes para o sucesso do tratamento.

A pesquisa sobre a pele de tilápia é desenvolvida há seis anos e já foi usada em animais domésticos e também em humanos, sempre com resultados positivos. Estudos semelhantes são desenvolvidos em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

A pele de tilápia também foi usada em incêndios florestais de grandes proporções na Califórnia, nos Estados Unidos, para a recuperação da fauna, sob orientação dos pesquisadores brasileiros. Aqui no país, tem sido um importante aliado na recuperação dos danos causados pelos incêndios no Pantanal, onde, só este ano, o fogo já devastou mais de 26% do bioma.

Edição: Sumaia Villela

Últimas notícias
Saúde

Anvisa decide pela proibição da venda de cigarros eletrônicos

De acordo com a Anvisa, estudos científicos mostram que os cigarros eletrônicos podem conter nicotina e liberam substâncias cancerígenas e tóxicas. Além disso, os dispositivos não são mais seguros que os cigarros convencionais.

Baixar arquivo
Geral

Rio de Janeiro será sede do Museu da Democracia

O Museu vai funcionar no prédio do atual Centro Cultural do Tribunal Superior Eleitoral, no centro da cidade. A concepção será feita pela Fundação Getúlio Vargas.

Baixar arquivo
Internacional

Entenda os riscos no conflito entre Israel e Irã

Ministério das Relações Exteriores do Brasil acompanha, com grave preocupação, episódios da escalada de tensões entre o Irã e Israel. 

Baixar arquivo
Geral

Greve: governo apresenta proposta de aumento salarial

Governo propõe aumento de 9% em janeiro de 2025 e mais 3,5% em maio de 2026. Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica diz que a proposta está aquém do pedido pelos servidores e que a orientação é seguir a greve.

Baixar arquivo
Cultura

Brô Mc's, primeiro grupo de rap indígena, resgata cultura ancestral

O primeiro grupo de rap indígena a criar letras e cantar músicas na pegada do hip hop nasceu há 15 anos, em Dourados, no Mato Grosso do Sul.

Baixar arquivo
Cultura

RJ: exposição marca a Década Internacional das Línguas Indígenas

Uma imersão na língua dos povos indígenas, com sua história, memória e realidade atual. Essa é a temática da exposição “Nhe’ẽ Porã: memória e transformação”, no Museu de Arte do Rio. 

Baixar arquivo