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Inovação

Da matemática à medicina, os caminhos que levam mulheres ao Universo

O legado de Katherine Johnson um ano após sua morte
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Adrielen Alves
26/03/2021 - 13:47
Brasília
Katherine Johnson
© Arte/Agência Brasil

Como é possível ir da Terra à Lua?

Para uma a menina prodígio nascida nos Estados Unidos, em 1918, que cresceu contando os números, uma pergunta que teve respostas além da matemática e da física, e reflexos no empoderamento feminino e na superação das discriminações.

Respostas dadas por ela mesma: a americana Katherine Johnson.

A cientista fez ''diferença'', segundo a Nasa, nos programas espaciais da agência ao calcular trajetórias para que o primeiro americano entrasse na órbita do planeta Terra, em 1962 e mais à frente fizesse o primeiro pouso na Lua, com a missão Apollo 11,em 1969.

Katherine Johnson teve que enfrentar um mundo que abria portas para uma corrida espacial, mas com trincas fechadas para pôr fim à segregação racial. E foi com a fórmula matemática que ela conseguiu ser aceita em um ambiente preponderantemente de homens brancos.

E com os seus ''por ques?'' e ''porquês'' entrou para a equipe, se destacando em diversas missões e se consagrando como uma das cientistas espaciais mais influentes dos Estados Unidos e do mundo.

Katherine se aposentou em 1986 e faleceu em fevereiro de 2020, aos 101 anos.

O Universo das mulheres que amam as estrelas vai do gosto pelos números da matemática Katherine, ao encanto pelo espaço ''fantasticamente imenso'', da médica Thaís Russomano.

A brasileira que remonta o sonho de desbravar o espaço na infância, aos quatro anos, com proporções maiores ao ganhar a primeira luneta aos sete anos, diz que chegou à realização com a medicina aeroespacial.

Ela chegou a avaliar a candidatura, em 1998, para uma vaga como representante civil do Brasil em missões espaciais.

Mas, foi na fisiologia e nas respostas dos corpos dos astronautas à microgravidade que Thaís Russomano uniu a medicina ao sonho de criança.

“ Eu tive a oportunidade de participar de duas campanhas de voos parabólicos da Agência Espacial Europeia em 2000 e 2006 e me lembro da primeira vez que eu flutuei. Eu pensei: 'então é isso que é estar em microgravidade, é isso que é trabalhar no espaço'. Naquela fração de segundo me senti uma astronauta.'', diz.

A médica brasileira que hoje mora em Londres, onde atua em universidades europeias e no ramo empresarial, explica que esta trajetória começou em Porto Alegre, seguiu com especializações nos Estados Unidos e Inglaterra e experiências em outros países.

Thaís Russomano diz que este recorte da medicina, que cuida da saúde dos astronautas, é um nicho restrito e teve que enfrentar desafios pelo fato de ser mulher, latina, mas que apostou nos estudos e considera esta uma luta válida.

Na expectativa pelos próximos passos da corrida espacial, destaca as missões tripuladas para Marte e para a Lua, em especial, a Artemis, que deve levar a primeira mulher ao satélite.

 “Isso é fundamental para pensarmos em colonização de outros mundos. Nós precisamos mesmo da condição do homem e da mulher, da reprodução, de seres nascidos e criados em outros corpos celestes. Além de mostrar que as mulheres estão a frente também da exploração espacial.'', diz. 

A cientista lamenta a demora para o retorno à Lua, com a última missão em 1972, já que, segundo ela, as experiências no satélite poderiam contribuir para ultrapassarmos hoje o que considera fronteira maior: Marte.

E ela destaca ainda o turismo espacial, ''que vai ser uma forma muito interessante de popularizar a exploração do espaço.''

Hoje desenvolve também um projeto que aproxima as crianças das missões espaciais e retoma a importância que fez o incentivo da mãe ao levá-la a um planetário.

“Com quatro cinco anos ela me levou a um planetário no Rio de Janeiro por que eu já estava muito fixada nessa coisa de espaço, depois, com minha luneta observava a Lua, os anéis de Saturno. Criei um grupo para crianças sobre astronomia e cheguei a escrever um livro na infância. Uma paixão que foi indo, indo.''

 

 

 

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