O coordenador da Força Tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol, disse, nesta segunda-feira (28), que a anistia à prática de caixa dois, proposta “informalmente” em uma emenda que circulou no Congresso Nacional, é, na verdade, “uma anistia à corrupção e à lavagem de dinheiro”. A declaração foi feita durante debate realizado na Fundação Getúlio Vargas, na zona sul do Rio de Janeiro.
De acordo com o procurador, essa foi a manobra “mais radical” que ele já viu contra uma investigação, citando a operação Mãos Limpas, sobre a corrupção na Itália. Dallagnol comemorou a reação popular sobre a tentativa de anistia, mas manifestou preocupação de que propostas semelhantes voltem a pauta no Congresso.
O procurador disse, ainda, que, em média, apenas três em cada cem casos de corrupção são punidos e, desses, nem todos vão para a cadeia.
Além do caixa dois, outra preocupação, segundo Dallagnol, é com relação à proposta de criar um crime específico para juízes e promotores de justiça. Deltan disse que esse poderia ser conhecido como o “Projeto da Intimidação”.
O coordenador da Lava Jato ressaltou que os pontos mais “polêmicos” foram retirados do projeto de lei que trata das medidas anticorrupção e cuja votação na Câmara dos Deputados está prevista para esta terça-feira.