O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em mais uma ação relacionada à Lava Jato durou cerca de três horas. À juíza da 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, Lula negou que as reformas realizadas no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), foram feitas como contrapartida de pagamento de propina. Ele negou também ser o dono do sitio.
A suspeita do Ministério Público (MP) é que as obras foram pagas por empreiteiras investigadas por corrupção, como a OAS e a Odebrecht.
Lula contou que passou a frequentar o sitio a partir de 2011 e ficava hospedado durante os fim de semana, mas negou ter conhecimento que a ex-esposa que faleceu ano passado, Marisa Letícia, tivesse qualquer relação com a Odebrecht a ponto de pedir a reforma do sitio aos executivos da empreiteira.
O ex-presidente voltou a dizer que a acusação do Ministério Público é uma farsa e que ele está sendo vitima de perseguição.
Gabriela Hardt conduziu o julgamento no lugar do juiz federal Sérgio Moro, que assume a partir do ano que vem o Ministério da Justiça, no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro.
A audiência foi marcada por diversos momentos de bate-boca entre a juíza, o ex-presidente e sua defesa.
Lula e mais 12 réus respondem pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Entre os acusados estão os empresários Marcelo e Emílio Odebrecht e Léo Pinheiro, da OAS, além do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.
Nas considerações finais, o ex-presidente voltou a fazer um desabafo.
É a primeira vez que Lula deixa a carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde abril pela condenação no processo do apartamento tríplex do Guarujá .
Em nota, a defesa do ex-presidente afirmou que o depoimento de Lula demonstra arbitrariedade da acusação. De acordo com o advogado de Lula, Cristiano Zanin, o Ministério Público Federal cita que contratos específicos da Petrobras teriam gerado vantagens a Lula, mas nenhuma pergunta neste sentido foi feita.
O texto diz que o depoimento prestado pelo ex-presidente também reforçou sua indignação por estar preso sem ter cometido qualquer crime e por estar sofrendo perseguição judicial por motivação política.