Menos ultraprocessados, mais movimento: campanha contra obesidade infantil é lançada pelo governo
O Ministério da Saúde lançou uma campanha para conscientizar sobre a obesidade infantil, já que 30% das crianças com idades entre 5 e 9 anos atendidas pelo SUS estão acima do peso - e cerca de 755 mil delas vivem com obesidade grave.
A campanha está baseada em três pilares: a alimentação saudável, a prática de atividade física e o estímulo a brincadeiras fora das telas do celular e da televisão. No primeiro eixo, o foco é a substituição dos alimentos industrializados e superprocessados por comida natural, de preferência feita em casa.
Além de veicular material informativo, de acordo com o ministro Luiz Henrique Mandetta, o governo vai treinar os profissionais de saúde para disseminarem as informações da campanha nas comunidades.
“É muito fácil a gente falar ‘coma verduras e legumes’. Mas como eu faço no interior do Pantanal? Então vai ter que olhar a base alimentar. Nós somos um continente. Cada arranjo vai fazer o seu trabalho em relação à alimentação. Nós temos uma herança da colonização portuguesa que é uma base alimentar muito sólida: o arroz com seu carboidrato, o feijão como proteína vegetal muito qualificada, a carne, a verdura. Isso é uma riqueza do ponto de vista de padrão alimentar, que a gente não pode perder”.
E para ajudar na redução do problema, o ministério também está lançando uma atualização do guia alimentar para crianças de até dois anos, já que os maus hábitos começam a partir da introdução de alimentos.
O guia reforça os benefícios do aleitamento materno exclusivo até os seis meses e complementar até pelo menos dois anos, e recomenda a restrição absoluta de açúcar e de ultraprocessados até essa idade.
A coordenadora geral de alimentação e nutrição do ministério, Gisele Bortolino, explica que o governo também está fazendo um levantamento nutricional das crianças brasileiras, para colher informações para as ações de seguimento da campanha.
“Esse inquérito está sendo conduzido pelo Ministério da Saúde em parceria com diversas instituições. O financiamento é via CNPQ, com o objetivo de avaliar o estado nutricional das crianças e avaliar as deficiências nutricionais. Porque o último inquérito que nós temos no Brasil é de 2006”.
A campanha foi lançada no Rio de Janeiro durante a abertura das conferências mundiais de Aleitamento Materno e de Alimentação Complementar.
Durante a ocasião, o ministro da Saúde também anunciou que o Brasil assina nesta quinta-feira um acordo para disseminar a tecnologia da rede de bancos de leite brasileira para os outros países dos Brics.