Dia da Parteira: ofício de conhecimentos ancestrais atrai interesse de gestantes
Um trabalho realizado por mulheres para as mulheres. Ofício que alia conhecimentos ancestrais, respeito pelo feminino e compreensão da natureza. Esse é o partejar.
Atuação milenar em todo o mundo, a função da parteira tradicional, é ainda importante em comunidades de difícil acesso e vem ganhando espaço nas cidades, com a busca de muitas gestantes por um parto natural.
No Brasil, a parteira tradicional é associada à sabedoria de mulheres rurais, moradoras de áreas distantes dos grandes centros urbanos, como na região da Amazônia. Maria Zenaide de Souza Carvalho, tem 63 anos e já fez 392 partos, o primeiro aos 10 anos de idade, no Acre. Um deles foi o de uma adolescente com 12 anos incompletos, no meio da mata, um dos mais difíceis que já realizou.
O trabalho é pesado e de muita responsabilidade, mas Zenaide fala com alegria dos partos em que atuou e ressalta o que é essencial para quem quer se tornar uma parteira.
O trabalho dessas mulheres tem inspirado a atividade de obstetrizes, ou parteiras profissionais com formação em enfermagem, no acompanhamento de gestantes nas cidades. Para a parteira brasiliense Iara Silveira, o partejar é estar presente. É dar apoio e é também escuta.
O aprendizado com saberes tradicionais faz com que cada sinal na mulher que está parindo seja importante e valorizado. Maíra Moraes teve dois partos domiciliares, e traz em seu relato a atenção das parteiras aos sinais, muitas vezes sutis, da parturiente, que dão a certeza da hora correta para agir, se necessário.
Procurado, o Ministério da Saúde não apresentou números atuais sobre o trabalho de parteiras no Brasil. Dados de 2007 apontam que naquele ano, apenas Norte e Nordeste tiveram registros de atuação das parteiras. Foram quase 14 mil e 500 partos nessas regiões.
Os partos cirúrgicos, ou cesarianas, ainda são maioria no país. De acordo com pesquisas da Fiocruz de 2014: 52% dos partos no Brasil são ainda cesárias.
Mas as parteiras sentem que há um movimento, em todo o mundo, de maior procura pelo parto natural e pela ajuda dessas profissionais para que os nascimentos sejam feitos com menos interferência e mais respeito.