A contadora Isadora Nascimento pegou Covid-19 há um mês. Nos primeiros sintomas, sinusite, dor de cabeça, palpitação e cansaço. Da evolução dos primeiros sintomas até a internação na UTI foram 7 dias. Ela disse que ficou consciente na semana toda em que esteve na UTI, mesmo assim, ela ficou preocupada no início e nos conta como foi seu primeiro dia na unidade:
Sonora: “Eu não conseguia dormir, pois queria acompanhar meu monitoramento cardíaco..”
De acordo com a médica Eliana Bicudo, da Sociedade Brasileira de Infectologia, um dos grandes problemas de pacientes que se recuperam da versão grave da doença é a perda da massa muscular.
Sonora: “A UTI, aquela situação metabólica do paciente grave, consome muita energia e perda muscular acima de 30% a 40% do peso inicial. Isso vai exigir uma recuperação lenta. E isso vai acontecer em qualquer paciente numa UTI”.
E a doutora Eliana Bicudo também lembra que para tratar um grave tão complexo que são os pacientes graves de Covid-19, é necessário uma equipe multidisciplinar.
Sonora: “O paciente de uma UTI é paciente de uma equipe multidisciplinar, nutrólogo, nutricionista, fisioterapeuta, enfermeiro, técnicos de enfermagem, médico e até psicólogo quando ele fica consciente.”
A fisioterapeuta Josy Davidson, especialista em fisioterapia Respiratória pela Unifesp explica que pacientes com Covid-19 tem dificuldades em fazer movimentos simples.
Sonora: “A capacidade física desse paciente reduz muito durante a internação. E quando se fala em muito é aquele paciente que, dependendo do tempo em que ficou em sedação, desacordado, é um paciente que não vai conseguir muitas vezes até dobrar o cotovelo, porque isso é muito esforço.”
Foi o caso da Isadora Nascimento, que nos conta que na UTI, perdia o folego simplesmente por virar seu corpo na cama.
Sonora: “Quando fui para UTI, que eu me virar na cama de lado, eu me cansava muito. Ficava ofegante. Quando digo pesado é isso, eu andava 1 metro e parecia que tinha feito um exercício pesado.”
Nesse contexto, os exercícios de fisioterapia dos braços, pernas e da coluna são fundamentais para a plena recuperação dos pacientes mais graves.
Um mês depois de ter contraído a Covid-19, a Isadora nos conta que se recuperou e já está trabalhando normalmente, mas ela nos contou que tem ainda uma certa dificuldade para atividades físicas e que voltou a fazer terapia para tratar da ansiedade que se agravou no período da internação.
Sonora: “Ainda me sinto cansada. Tem coisas que não consigo fazer ainda porque meu pulmão não está 100%. Não consigo subir escada, por exemplo. Vou voltar a fazer a terapia, pois mesmo o corpo tendo recuperado, a ansiedade é uma questão. Eu sonho todo tempo com isso, achando que está tudo sujo, que estou contaminada ainda. Ainda estou no processo de melhorar isso.”
Por ser uma doença nova e que está em estudos, ainda não há certeza se a doença deixa sequelas, O professor de Biociências da USP Marcos Buckeridge relata que na Inglaterra há relatos de sequelas permanentes nos pulmões, rins e fígados em pacientes graves de Covid-19.
Sonora: “Quanto a sequelas, o que tenho lido, principalmente na Inglaterra, pois, lá, eles estão preocupados porque as pessoas com casos muito severos, elas estão apresentando alterações no fígado, nos rins, além do pulmão, que, aparentemente, podem ser condições permanentes. E elas talvez tenham que tratar talvez até para o resto da vida.”
Diante dessas incertezas sobre a gravidade da Covid-19 e se ela deixa sequelas posteriores, o melhor é evitar a contaminação por isso, é necessário respeitar a quarentena, evitar saída desnecessárias, evitar aglomerações, usar máscaras ao sair e higienizar as mãos sempre que possível.