Estudo alerta para colapso no atendimento a pacientes de Covid no país
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz alerta que é real a possibilidade de colapso no atendimento a pacientes com covid-19 nas próximas semanas. O risco se acentuou, segundo a nota técnica, diante do aumento de casos e internações em vários estados, assim como a chegada das festas de fim de ano e férias de verão, quando as pessoas tendem a se encontrar mais sem tanto cuidado, o que deve acelerar a disseminação do novo coronavírus.
Outro agravante é que a movimentação das pessoas no final de ano traz o risco de maior demanda da rede de saúde, por outros agravos, como os acidentes de trânsito.
Os pesquisadores da Fiocruz alertam que o risco de colapso é maior porque houve desmobilização dos leitos destinados a Covid, o que deixou a maioria dos estados sem capacidade de atender a curva crescente de casos da doença.
A pesquisa foi desenvolvida pela equipe do Monitora Covid-19 e chama a atenção também para o fato de que a pandemia está sincronizada, ou seja, presente tanto nas regiões metropolitanas quanto nas cidades do interior.
O epidemiologista Diego Xavier, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz, detalha que o aumento nos casos pode pressionar as regiões metropolitanas, que terão capacidade reduzida para atender aqueles pacientes vindos do interior.
Segundo o estudo, houve uma inversão na proporção de óbitos entre as capitais e o interior. Até o final de maio, 67% dos óbitos foram nas regiões metropolitanas, mas em outubro esse percentual era de apenas 33%, com mais de 60% das mortes registradas nas cidades do interior. Essa realidade também fez com que a falta de UTIs pesasse ainda mais no interior, onde o total de pessoas que morreram de covid sem que pudessem ter o tratamento intensivo é proporcionalmente maior do que nas regiões metropolitanas.
Em nível nacional, nas cidades do interior, 36% morreram de Covid-19 fora das UTIs, contra 31% nas regiões metropolitanas. Os estados do norte do país lideram em número de óbitos nessa situação levando-se em conta as cidades do interior. No Amapá 82% dos óbitos aconteceram antes que o paciente tivesse acesso a uma vaga de tratamento intensivo, em Roraima, este percentual foi de 72%.
Nas regiões metropolitanas, os estados de Roraima, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Ceará foram os que tiveram mais mortes de pacientes com coronavírus que não chegaram a ser assistidos em UTIs.