Na casa da fisioterapeuta Emanuelle Bezerra, a alimentação é in natura. Alimentos ultraprocessados são raros e não são bem-vindos. A aposta desta mãe de duas crianças pequenas é na variedade, com cores e formas diferentes na hora da refeição.
E Emanuelle está no caminho certo. Comer mal na infância pode causar obesidade na vida adulta. É o que mostra um estudo do Núcleo de Pesquisa Epidemiológicas de Nutrição e Saúde (NUPENS) da Universidade de São Paulo (USP), em parceira com o Imperial College London, no Reino Unido.
A pesquisa comprova que as crianças que consomem mais alimentos ultraprocessados em comparação aquelas consumem menos tiveram uma curva de peso mais alta. Essa é a primeira pesquisa que acompanhou nove mil crianças por um longo período, dos sete aos 24 anos.
No caso das crianças britânicas, 60% das calorias da alimentação vem de alimentos ultraprocessados. É o que explica a nutricionista Daniela Neri, cientista do NUPENS da USP (ouça no áudio).
E esses dados podem ser aplicados no Brasil. Daniela Neri explica que as informações podem ajudar a criar políticas públicas que promovam a alimentação saudável no país.
No Brasil, um estudo semelhante já está em curso desde janeiro e é feito virtualmente. A meta é acompanhar 200 mil pessoas de diferentes faixas etárias e classes sociais do Brasil. O objetivo é identificar características da alimentação brasileira que aumentem ou diminuam o risco de doenças crônicas, como obesidade, diabetes e hipertensão. Para participar é preciso ter acima de 18 anos e acesso à internet. Mais informações no site nutrinetbrasil.fsp.usp.br.
E para ajudar as pessoas a se alimentarem de forma saudável, a Anvisa aprovou uma resolução de rotulagem nutricional de alimentos embalados que mostra o que cada alimento contém. A norma só começa a valer em 2022 e prevê a inclusão de um rótulo frontal com tudo que se está sendo consumido. É o que explica Lais Amaral, nutricionista e pesquisadora no programa de alimentação saudável e sustentável no Idec (ouça no áudio).
A dica da nutricionista é preferir sempre alimentos in natura ou minimamente processados. E é importante que a família tenha uma alimentação baseada em frutas, verduras, legumes, carnes, pescados e leite. Produtos como açúcar, óleo, corantes, pobres em fibras e vitaminas como doces, refrigerantes, iogurtes artificiais, sorvetes, pães e salsichas devem ser evitados.
*com produção de Michele Moreira