Pesquisa da UFBA estuda saúde de entregadores
Levantamento realizado em 2021 mostra que, para muitos trabalhadores que perderam os empregos ou viram a renda diminuir na pandemia, a solução foi começar a trabalhar como entregador, seja por aplicativo ou não.
Os aplicativos de entrega foram o grande boom da pandemia, mas a rotina desses trabalhadores traz impactos para a saúde. A Universidade Federal da Bahia (UFBA) realiza uma pesquisa online que busca conhecer a realidade desses profissionais.
A médica e coordenadora do estudo, Rita Fernandes, destaca que perceber a relação entre trabalho e saúde desses empregadores é fundamental neste momento em que houve aumento considerável da categoria, que teve papel importante durante o isolamento social.
“Na Universidade Federal da Bahia, uma universidade pública, uma de nossas atribuições é investigar condições de saúde da população e produzir conhecimento que subsidie medidas e políticas públicas para melhoria dessas condições. Essa categoria dos entregadores tem sido muito emblemática nos tempos atuais. Além do crescimento vertiginoso da categoria, eles tiveram um papel social importante durante a pandemia. Foram eles que viabilizaram inclusive o distanciamento social. Isso trouxe para nós a necessidade de investigar as condições de saúde e trabalho deles”.
A médica consegue a pesquisa ainda está em andamento, mas outros estudos já mostram insuficiência de proteção para esses trabalhadores.
“A gente está entrando na coleta de dados agora, então a gente não tem resultados nossos. Mas a gente tem uma ampla revisão de literatura e muitos pesquisadores de diversas áreas se dedicando a essa categoria. Porque ela chega em uma conjuntura em que o mundo do trabalho se reconfigura, e essa reconfiguração tem preocupado muito os estudiosos, em função da insuficiência de proteção social e proteção do trabalho que os estudos têm revelado com relação a esses trabalhadores. Então é exatamente para a gente dimensionar como é que estão essas condições de trabalho e as relações do trabalho com a saúde que a gente planejou e está executando o estudo”.
Rita Fernandes destaca que o peso da jornada de trabalho afeta a saúde física e mental dos trabalhadores.
“Jornadas extenuantes, longas, desfavorecem a saúde das pessoas. Se você não tem tempo regular de repouso, submete o corpo a longas jornadas, com a sobrecarga do sistema músculo-esquelético, isso pode ter repercussões importantes na saúde. E também há a saúde psíquica. Então é isso que a gente está investigando”.
A Faculdade de Medicina da UFBA realiza um estudo sobre saúde e trabalho dos entregadores em todo o Brasil. A pesquisa consiste em um formulário online, e podem participar os empregadores em empresas de aplicativo, cooperativas e associações que façam entregas particulares ou contratados com carteira assinada.
A ideia é que os resultados possam subsidiar ações com foco na saúde desses trabalhadores. Para preencher o formulário basta acessar as redes sociais do estudo: @Epissat_entregadores no Instagram e Estudo Epissat no Facebook.