Em uma sala de ultrassom a meia luz, Renata viu pela primeira vez o seu bebê. Era apenas um pontinho na tela, mas significava a realização de um sonho antigo. A servidora pública sempre quis ser mãe e aos 35 anos resolveu apostar numa produção independente. Fez uma fertilização in vitro e quando veio o tão sonhado positivo, foi uma festa. Mas, com quase dois meses de gestação, Renata sofreu um aborto espontâneo. A dor dessa perda, segundo ela, foi a pior que já sentiu na vida.
Foram meses de muita tristeza, mas, depois de um tempo, encorajada pelos médicos, Renata fez um novo processo de fertilização e dessa vez deu tudo certo. Ela conta que a gestação não foi fácil: muito medo de perder de novo, insegurança e até falta de conexão com o bebê que estava carregando. E todos esses sentimentos são muito normais em situações assim. Daliane Muniz é psicóloga especializada em atender mulheres que passaram por perdas gestacionais. Ela explica que o luto de um aborto precisa ser validado pelas pessoas e que essas mães podem experimentar emoções muito sofridas ao longo de uma nova gestação.
Mas, depois de todo esse processo de luto que a Renata viveu, chegou o Benjamin, o seu bebê arco-íris, que trouxe o sol para vida dessa mãe que passou por uma enorme tempestade. Ela conta, entre lágrimas, o que esse filho representa na sua vida.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, 20% das gestações são interrompidas por um aborto espontâneo até as 20 primeiras semanas. As principais causas são: idade avançada da mãe e doenças como diabetes e hipertensão. Mas, na maioria das vezes, não é possível apontar uma causa específica. A orientação dos médicos é que as mulheres que tenham perdido um bebê esperem 2 meses para tentar uma nova gestação.