Diante das altas taxas de suicídio indígena, no Brasil, um ponto específico gera ainda mais preocupação: o adoecimento mental e o suicídio entre os jovens indígenas. Essa realidade é diferente do restante da população brasileira, já que o maior risco de suicídio entre os não indígenas é maior entre os idosos, segundo o Ministério da Saúde.
Explicar o que motiva esse adoecimento tão precoce não é tarefa simples, até mesmo para os especialistas. A psiquiatra e pesquisadora associada da Fiocruz, Jacyra Araújo, atribui o problema à questão cultural.
O relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, do CIMI, Conselho Indigenista Missionário, revela que, no ano passado, um a cada três indígenas que tiraram a própria vida, tinha no máximo 19 anos. A antropóloga Lucia Helena Rangel, que elaborou esse levantamento, explica que a situação é mais grave entre os homens jovens que, diante de tanta violência, se veem sem saída.
O adoecimento mental da população gera preocupação, também, para o Ministério da Saúde, responsável pelas políticas públicas de combate ao problema. Como destaca o psicólogo da Secretaria de Saúde Indígena, da pasta, Matheus Cruz.
De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de 2021, o triste cenário que leva jovens indígenas a desistirem da própria vida pode ser explicado pela passagem para a vida adulta, que chega como um momento crítico, sobretudo nas transformações socioculturais, a partir do contato com a sociedade não indígena.