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Saúde

Agosto "dourado e arco-íris": casal de SP decide amamentar junto

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Carolina Pessôa - Repórter da Rádio Nacional
07/08/2023 - 12:52
Rio de Janeiro

O mês de agosto é dedicado a celebrar a importância do leite materno como principal forma de nutrição para os bebês. Mas também é o mês da visibilidade lésbica, um momento de reforçar as bandeiras de luta das mulheres homoafetivas. E para um casal de São Paulo, o agosto é dourado e arco-íris: um mês de comemoração dupla. Há pouco mais de quatro anos, a escritora Marcela Tiboni e a consultora imobiliária Melanie Graille decidiram engravidar e amamentar juntas.

“Quando a gente descobriu que eram gêmeos, a gente ficou bastante ansiosa nesse lugar dos cuidados, do trabalho, da divisão de rotina. E aí quando a Mel estava grávida de cinco meses, ela me perguntou se eu não toparia amamentar também. E eu na hora falei, topo, mas dá? Como é que isso aconteceria?  E a gente tinha um desejo enorme e um desconhecimento maior ainda”, diz Marcela. 

Após várias pesquisas, o casal descobriu a indução à lactação, procedimento cada vez mais utilizado por casais homoafetivos e mães adotivas, mas pouco conhecido pela população em geral. Trata-se de uma técnica que estimula a produção do leite por meio do aumento do hormônio prolactina, como explica Monica Fairbanks de Barros, membro da Comissão de Aleitamento Materno da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia: “Já pode mais ou menos 6 meses antes usar algumas medicações, progesterona, domperidona... seis semanas antes suspende a progesterona, continua a domperidona. Aí começa a lentamente ordenhar a mama, manipular a mama. Usar a bomba extratora. Um mês antes ela começa a fazer a ordenha noturna. Tudo isso para ir aumentando a prolactina”. 

Ela acrescenta que também é necessário fazer um processo de acolhimento desta nova mãe: “Tem que ter todo um incentivo e uma preparação e um acolhimento a essa mulher e as pessoas que vão estar ao redor dela. Ela tem que ter apoio para conseguir continuar amamentando”, completa. 

Para Melanie, poder dividir a amamentação com a esposa ajudou a fortalecer o vínculo entre as duas: “Porque a gente estava em uma relação de apoio e de igualdade. Raras famílias se veem nessa situação. Estar ao lado dela, vendo ela amamentar outro neném junto, foi incrível, porque eu sabia que eu tinha do lado uma parceira que estava em pé de igualdade total com tudo o que eu estava vivendo”. 

E Marcela reforça que a amamentação compartilhada foi mais do que um ato de amor: “Para a gente foi um ato de liberdade dupla. Então quando eu penso em um ato de amor eu penso em um ato de amor não só pelos meus filhos, mas penso num ato de amor pela minha família como um todo, para que a gente possa dividir esses cuidados de forma muito equivalente e muito igualitária”. 

E a escolha do casal está alinhada com as recomendações das autoridades de saúde. A melhor opção para os bebês é serem amamentados no peito exclusivamente até os seis meses e de forma complementar, até pelo menos dois anos.  Além de nutrir, o leite materno traz inúmeros benefícios, como a proteção contra doenças. Amamentar os bebês imediatamente após o nascimento também reduz a mortalidade neonatal. 

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